Ainda em ciclo de promoção ao seu mais recente álbum, que ainda não tiveram oportunidade de tocar ao vivo, Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers, os três guitarristas dos IRON MAIDEN, conversaram com a Guitar World sobre «Senjutsu». “É muito cinematográfico“, elaborou Adrian Smith, piscando o olho à tendência que o baixista e compositor Steve Harris tem para a criação de verdadeiros épicos. “Há muitos momentos dramáticos no álbum: a «Days Of Future Past» tem uma vibração moderna, a «The Writing On The Wall» tem uma vibração folk. O Steve Harris criou algumas coisas clássicas. As músicas estão a ficar cada vez mais longas. Provavelmente, vai precisar mesmo de um álbum triplo da próxima vez“, atirou o guitarrista entre risos. Pois bem, tendo em conta que o novo «Senjutsu» é nada mais nada menos que um álbum duplo bastante complexo, a fasquia fica elevada em relação ao que podem fazer no futuro. “Se és fã dos Maiden, vais adorar“, disse Smith. “Como temos todo o nosso passado, somos uma banda que se pode dar ao luxo de fazer as coisas assim“, acrescentou Janick Gers referindo-se à extensa duração do disco. “Nós arriscamos. Não existe um tema definido de três minutos que vai exactamente onde desejas. Há coisas mais viradas para o metal rápido, a «Death Of The Celts» tem todas aquelas influências dos celtas, temos os sons meio orientais da «The Parchment». Há os grandes refrões da «Hell On Earth». Tudo isso acrescenta ao álbum. São tantas ideias, é de tirar o fôlego.”
Recorde-se que, recentemente, «Senjutsu» foi eleito “melhor álbum de 2021” pelos colaboradores da revista britânica Classic Rock. Em Portugal, o disco entrou de rompante para a posição cimeira do top nacional de vendas. Editado no passado dia 3 de Setembro, «Senjutsu» é o 17.º longa-duração de estúdio das lendas do heavy metal e o seu segundo álbum-duplo consecutivo, seguindo os passos de «The Book Of Souls», de 2015. A maior parte do álbum foi escrita pelo baixista e membro fundador do grupo britânico, Steve Harris, que escreveu quatro canções, cada uma com mais de nove minutos. O músico co-escreveu ainda três outros temas — dois com o guitarrista Janick Gers e uma com Adrian Smith. Smith, o segundo principal contribuidor de «Senjutsu», também escreveu três outras canções com Bruce Dickinson — «The Writing On the Wall», «Days Of Future Past» e «Darkest Hour». O primeiro desses temas foi lançado como o single de estreia do disco após uma campanha brilhante e enigmática que culminou na estreia de um soberbo clip animado, que estava carregado com mais de 20 easter eddies.
Entretanto, Bruce Dickinson revelou que, de forma a evitarem um potencial leak antes da data de lançamento oficial, o disco esteve literalmente “trancado num cofre.“ O vocalista revelou a estratégia da banda numa conversa com a Metal Hammer UK, acrescentando que nem mesmo os músicos tinham cópias do álbum no momento em que as gravações foram concluídas. “No final das gravações, toda a gente tinha fugido para casa, por isso estávamos só eu, o Steve [Harris] e o Kevin [Shirley, produtor] no estúdio“, começa por dizer o músico, que foi um dos entrevistados da mais recente edição da revista britânica. “Ouvimos o resultado final algumas vezes e dissemos um para os outros: ‘Sim, está tudo bem!’. E foi a última vez que o ouvi. Foi, de resto, a última vez que todos nós ouvimos as canções… Ninguém na banda tinha uma cópia! O Steve, em particular, estava mesmo muito paranoico com a hipótese de alguém colocar os temas na internet e, provavelmente, com alguma razão, por isso o disco ficou trancado num cofre.” O músico acrescenta ainda que só voltou a ouvir o álbum uns meses depois, durante o processo de mistura do lançamento ao vivo «Nights Of The Dead, Legacy Of The Beast: Live In Mexico City», que foi editado no ano passado. “Fui a casa do Steve e perguntei-lhe se, por acaso, não tinha uma cópia do álbum. Ele tinha-o no laptop, por isso ouvimos tudo algumas vezes.”