IRON MAIDEN

IRON MAIDEN: «Brave New World» [2000]

Quase 25 anos depois, a importância do «Brave New World» vai além da aclamação e do sucesso. Nele, os IRON MAIDEN souberam reinventar-se sem perderem a sua essência e resgatando a sua identidade.

No início dos anos 2000, os IRON MAIDEN operavam mais uma significativa mudança de formação que, dessa vez, se revelaria um grande renascimento para a banda. Editado a 30 de Maio de 2000, o «Brave New World» foi o reflexo directo desse passo decisivo, pautado pelos retornos do guitarrista Adrian Smith e do vocalista Bruce Dickinson, que tinham deixado o grupo em 1990 e 1993, respectivamente.

A notícia do regresso, em 1999, foi rapidamente sucedida por uma digressão em regime greatest hits, e sinalizou a esperança dos fãs após dois discos bastante contestados com Blaze Bayley na voz. Sejamos sinceros, os anos 90 marcaram um das piores fases dos IRON MAIDEN, que amargaram muitas críticas pesadas com os álbuns «X Factor» e «Virtual XI», de 1995 e 1998. O ponto de contenção era bem óbvio: Bayley. o ex-vocalista dos Wolfsbane, que havia substituído Bruce Dickinson quando este seguiu a solo, não reuniu unanimidade, nem sequer conseguiu cair nas graças dos fãs.

Primeiro, a maioria não o achava capacitado para liderar a banda, muito disso graças ao talento natural, à simpatia, e, claro, a voz única e inconfundível de Dickinson. Segundo, os dois álbuns que Bayley gravou com a banda fugiram muito dos sons característicos dos IRON MAIDEN, conhecidos por terem batidas rápidas e empolgantes, com a banda a focar-se mais um balanço quadrado. Bayley, coitado, saiu como o vilão da história toda.

O «Brave New World» fez com que os IRON MAIDEN regressassem ao topo, após alguns anos a penar. Lançado no dia 29 de Maio do ano 2000, o 13.º longa-duração do grupo trouxe tudo à tona, com três guitarristas na formação e músicas acompanhadas por letras que foram, desde logo, comparadas de forma positiva a outros clássicos do fundo de catálogo, tudo num álbum que está na lista dos mais queridos de muitos fãs.

Falar sobre qualquer música ou álbum feito por lendas, porque os IRON MAIDEN são um dos grupos de heavy metal mais emblemáticos da história, acaba por ser uma tarefa simples. Já fizeram (quase) tudo, já passaram por (quase) tudo, portanto tinham invariavelmente de de ter um «Brave New World» no fundo de catálogo, o proverbial “renascimento das cinzas”, tal qual uma fénix. Um álbum icónico, primeiro por marcar o retorno de Dickinson e Smith; segundo, por ter um som mais progressivo, marcando ao mesmo tempo, um retorno ao metal tradicional das suas origens.

A arte e título do álbum fazem referência ao romance homónimo escrito por Aldous Huxley, em 1931. A capa contém uma “Nuvem Eddie” — clássico mascote da banda —, no céu, sobrevoando uma Londres futurista. Uma combinação perfeita, muito bem espelhada em temas como «The Wicker Man», «Ghost Of Navigator», «Brave New World» ou «Blood Brothers», quiçá os mais impactantes do lote, que resumem a química perfeita da nova fase. A digressão subsequente, que passou pelo Festival Vilar de Mouros, até ganhou um registo ao vivo, gravado no Brasil, durante o Rock in Rio em 2001.