Niilo Sevänen, baixista e vocalista da banda finlandesa, explica-nos como é que se escreve um tema épico de 40 minutos e diz-nos o que os fãs podem esperar dos concertos em Portugal, nos dias 9 e 10 de Abril, no Hard Club e no RCA Club, no Porto e em Lisboa, respectivamente.
Criados há exatamente duas décadas, os INSOMNIUM são hoje líderes e fieis representantes de um som que, durante os anos 90, fazia de Gotemburgo o seu solo mais fértil. Foi, de resto, para chegar à primeira divisão do género que o quarteto muito tem trabalhado ao longo dos anos. Nascidos já fora de época, em 1997 os metalheads já viviam num mundo pós-«The Jester Race», «The Gallery» e «Slaughter Of The Soul», os talentosos músicos finlandeses pegaram nas regras básicas do género e, reinventando a roda da N.W.O.S.D.M., entre 2002 e 2016, fizeram uma sequência de sete álbuns a que ninguém, que goste deste tipo de som, poderá apontar o dedo.
Depurando a fórmula e tornaram-na tão sólida quanto possível, desenvolveram uma capacidade imensa para a composição de canções desafiantes, e com tanto de pujante como de melódico, que atingiram o pináculo no ano passado com a edição do registo mais ambicioso de sempre da sua carreira. Composto por um tema único de 40 minutos, «Winter’s Gate» revela a versatilidade dos quatro músicos e prova que, afinal, até num espectro em que tudo parecia ter sido já inventado é possível surpreender.
O «Winter’s Gate» foi editado em Setembro de 2016 e vocês continuam na estrada a promovê-lo. É justo dizer que tem sido um lançamento bem sucedido?
Sem dúvida! Recebemos muitíssimo boas reacções e isso é muito reconfortante, porque este projecto foi sempre muito ambicioso desde o início. O resultado final acabou por ser um pouco diferente do que tínhamos feito até então, mas acho que resultou muito bem… Nós ficámos super satisfeitos com o que fizemos –- ficou exactamente como tínhamos antevisto –- e acho que as pessoas também, porque todo o feedback tem sido fantástico. Tanto os nossos fãs como os meios de comunicação parecem ter adorado a ideia do álbum funcionar como um todo, com um conceito composto por uma só canção. Correu tudo mesmo muito bem, não nos podemos queixar de nada. As críticas foram óptimas, as digressões têm sido um sucesso, o álbum resulta muito bem quando o tocamos ao vivo… Estou muito satisfeito com o que conseguimos atingir com o «Winter’s Gate». Noto que ganhámos novos fãs e acho que demos, por fim, um passo em frente como banda. O futuro avizinha-se risonho.
Conseguias antever algo desde género quando estavam a trabalhar no disco?
Eu sempre tive um feeling muito bom em relação a este álbum, logo desde o início… E, ainda mais, no momento em que o demos finalmente como terminado. [pausa] Não sei explicar bem, mas o «Winter’s Gate» é um disco especial, teve sempre algo especial desde que começámos a desenvolver a ideia. É óbvio que, para mim, ainda é mais especial, porque se centra numa história que escrevi, por isso a ideia de o conseguir tornar real sempre foi muito entusiasmante. No início, quando estabelecemos que seria apenas um tema, acho que todos estávamos preocupados com a reacção das pessoas, mas correu muito bem e as dúvidas desvaneceram-se à medida que nos fomos aproximando do produto final. Eu sempre soube que, musicalmente, o disco era muito, muito forte, por isso nunca estive propriamente preocupado, para ser sincero.
Nos dias de hoje, em que o espectro de atenção das pessoas está cada vez mais reduzido, sabiam que estavam a correr um risco ao lançar um tema de 40 minutos, certo?
Claro, estávamos todos cientes disso, mas decidimos correr o risco. E parece que até nos safámos bem. É claro que foi muito importante podermos contar com o apoio da Century Media, por exemplo. Toda a equipa tinha de estar a bordo, e na mesma sintonia, para as coisas funcionarem em pleno, percebes? E foi o que aconteceu. Eles podiam perfeitamente achar que estávamos loucos e mandar-nos ir “dar uma volta”. Seria legítimo dizem-nos para abandonarmos a ideia louca de querermos lançar um álbum com uma única canção de 40 minutos. No entanto, adoraram a ideia e abraçaram o projecto logo desde que o apresentámos pela primeira vez. Foram essenciais na sua concretização, até porque é importante que uma banda tenha liberdade criativa – e nós, com este disco, percebemos que temos mesmo. Não sei se as pessoas estão a começar a ficar fartas de que tudo seja tão descartável, não sei, mas a verdade é que tem havido uma identificação muito forte com o «Winter’s Gate».
O conceito base já estava delineado há algum tempo?
Sim, a história foi escrita há cerca de dez anos com o intuito de participar numa competição de contos curtos. Originalmente foi algo que fiz só para mim, fora do contexto dos Insomnium, mas há quatro ou cinco anos, quando começámos a falar acerca da hipótese de escrevermos um novo disco, decidimos que queríamos fazer um registo conceitual, composto com uma canção única. Já tínhamos feito seis álbuns da forma normal, digamos assim, por isso estávamos prontos para uma mudança e todos abraçámos o desafio. O que se passou foi que ainda demorámos quase dois anos a passar a ideia do papel para a prática e, entretanto, lembrei-me daquela história que tinha guardada e achei que seria engraçado juntar as duas coisas. Lá está, o processo foi bem diferente, bastante mais exigente, mas foi também muito compensador.
Já afirmaste que o «Crimson», dos Edge Of Sanity, inspirou a concepção do «Winter’s Gate». Quão fixe foi terem trabalhado com o Dan Swano?
Foi muito, muito fixe. [risos] Todos somos grandes fãs dos Edge Of Sanity e, sobretudo, do «Crimson», que foi um disco que nos marcou a todos. É daqueles álbuns que ouvimos todos desde… Sei lá, dos 17 ou dos 18 anos. Estávamos nos anos 90 e prestes a formar os Insomnium. Anos depois, após um ensaio, estávamos todos a beber umas cervejas, a descontrair, e alguém pôs o disco a tocar. Foi aí que, pela primeira vez, ponderámos fazer um disco assim, com uma só canção muito longa. Demorámos algum tempo até termos coragem para pôr a ideia em prática, mas não há como negá-lo… O «Crimson» foi muito influente no «Winter’s Gate». Talvez não tanto a nível da música, mas no conceito, porque é um álbum composto por apenas um tema longo. Por tudo isso, podermos contar com o Dan nas misturas e na masterização, foi a cobertura no topo do bolo. [risos]
Que tal tem sido a experiência de tocar uma canção tão longa ao vivo?
Ficámos todos muito nervosos antes do primeiro espectáculo em que o fizemos. A ideia é desafiante… Afinal, é uma canção de 40 minutos, que temos de tocar direita do início ao fim. Não pode acontecer nada de errado no meio, não podemos parar… E as probabilidades de algo errado acontecer quando o “meio” de um tema é tão longo, aumentam exponencialmente. [risos] Houve apenas duas ocasiões em que tivemos problemas técnicos, mas de resto temo-nos safado mesmo muito bem e, actualmente, já é algo que fazemos de forma natural. Funciona mesmo muito bem ao vivo, é engraçado ver como as pessoas reagem de forma diferente à «Winter’s Gate» e às outras canções do alinhamento. Nestes dois concertos em Portugal vamos tocar primeiro o álbum da integra e, depois, também alguns temas mais antigos. Como somos cabeças-de-cartaz, vamos ter tempo suficiente para dar aos fãs o concerto que eles merecem.
[PASSATEMPO ENCERRADO]
A LOUD! não quer que ninguém fique de fora e, em parceria com a PRIME ARTISTS, tem entradas para oferecer a quem quiser ir ver os INSOMNIUM. Ganham uma entrada os mais rápidos a enviar um e-mail para o endereço geral@loudmagazine.net com o assunto “QUERO IR VER OS INSOMNIUM!”, acompanhado do vosso nome completo, número de BI/CC e preferência de data (Lisboa ou Porto). Toca a participar!
VENCEDORES: Marco José Almeida Madeira, Carlos Manuel Junipero Gameiro Lopes, Martim Norte, Maria de Lurdes Porfirio Matos, Francisco Martins Gouveia, Pedro Sérgio Costa Oliveira Azevedo, Carlos Rafael Neto Silva, John Edgar Correia Pereira, Marina Olivia Silva Conceição, Cláudia Manuela Alves da Silva.