Os IMPERIAL TRIUMPHANT seguem verdadeiramente imperiais e triunfantes (passe a redundância), no que respeita a criatividade, digressões e aclamação crítica. Termos como avant-garde e free jazz são usados a torto e a direito, mas circunscrever a capacidade musical dos músicos a esses chavões genéricos raia a blasfémia. Não há experimentação e a cacofonia é apenas aparente. Estas observações surgiram não só na escuta dos discos da banda como também na segunda passagem pelo SWR (bem recentemente e agora no palco principal) revelando, uma vez mais, uma macabra exactidão matemática nas baterias, pejadas de fills que quase só saem de cena para os momentos de blast, pontuadas por um insano e quase ininterrupto duplo bombo. Os nova-iorquinos, adorados por pares de quadrantes tão diversos como são os Meshuggah, os Mr. Bungle ou Kenny G (pasme-se), estarão ainda de regresso a Portugal este Verão, com passagem marcada no Vagos Metal Fest 2023. Essa será uma excelente oportunidade para os mais incautos ficarem a par do vanguardismo musical dos IMPERIAL TRIUMPHANT.
Outra forma de descobrirem mais sobre o trio será através do seu mais recente disco «Spirit Of Ecstasy». O soberbo quinto álbum do colectivo é um delírio de fusão entre jazz e black metal, executado por músicos de elite. Um vibrante retrato de Nova Iorque em “O Grande Gatsby”, de Scott Fitzgerald, misturado com o horror sobrenatural de Lovecraft, como podem ler na resenha dos nossos parceiros da ROMA INVERSA. O álbum foi editado em 2022, mas os músicos encontram-se num dinâmico frenesim criativo (ou talvez seja apenas resultado do alcaloide estimulante que tanto glorificam nos seus discos) e anunciaram que irão criar uma série de versões a canções que os motivam ou inspiram a fazer música. A primeira delas é «Paranoid Android», clássico dos RADIOHEAD extraído de «OK Computer». O termo versão é mais apropriado que cover, pois a interpretação aproxima mais o tema de uma bad trip de Fritz Lang (sendo que é impossível não fazerem a associação com “Metropolis”) que do tema original incluído no terceiro álbum dos britânicos, editado em 1997. O que importa reter é que, além das linhas de baixo mais ou menos identificáveis, esta é uma versão bastante radical.