“Em certa medida, isso iria contra tudo o que o estilo representa“, diz IHSAHN, cada vez mais com os pés na terra.
Todos nós já vimos este filme: uma banda com legado decide voltar ao activo após ter-se separado ou até entrado num longo hiato e chega a números que nunca tinha atingido antes. Os músicos regressam ao estúdio para gravar um novo álbum e raramente conseguem chegar aos calcanhares do que tinham feito antes. Como resultado, fãs ou inventam desculpas para um disco que não vem acrescentar nada ou rejeitam-no completamente.
Embora possa ser assim que as coisas acontecem geralmente, não é assim que os EMPEROR vão fazer as coisas se IHSAHN tiver algo a dizer sobre isso. Durante uma entrevista recente ao El Planeta Del Rock, o músico reiterou a sua opinião de que. provavelmente. não vale mesmo a pena a banda norueguesa fazer um novo álbum.
“Se ganhasse um centavo, como dizem, para cada vez que as pessoas me perguntam sobre isso”, começou por dizer IHSAHN, que anda a promover os seus novos álbuns a solo. “No início, era um chato, mas optei por ver o elogio que está nesse tipo de pergunta. As pessoas que, como eu, têm uma relação com a música desde a juventude, desenvolvem um apego às bandas. Obviamente fomos importantes para alguém, o que é óptimo coisa. Se me perguntam disso, é porque querem sentir isso de novo, querem sentir mais disso, o que também é óptimo.”
A questão, para IHSAHN, é outra: “Em termos práticos, que tipo de álbum dos Emperor poderíamos fazer que satisfizesse esse desejo?“. O próprio músico responde: “Acho que seria fácil fazer algo que soasse aos Emperor antigos, mas quem ia querer que fizéssemos um álbum de black metal para ganhar dinheiro com algum tipo de ideia conceitual para algum tipo de demanda no mercado? Em certa medida, isso vai contra tudo o que o estilo representa“.
“Por outro lado, nós acabámos num lugar em que eu escrevia cada vez mais da música e, com o último LP dos Emperor, fiz mesmo tudo“, recorda o músico norueguês. “Portanto, se seguirmos essa trajectória, vai ficar tudo muito próximo do que faço a solo. E não acho que seja a isso que as pessoas se estão a referir quando falam na hipótese de um novo álbum dos Emperor porque, se fosse, isso é mais ou menos o que já faço. Não me podem pedir para voltar lá atrás, ser adolescente de novo e esquecer todas as experiências que fui tendo como músico entretanto“.
Quem acompanha a carreira dos EMPEROR e de IHSAHN de perto há algum tempo, sabe que não há a registar aqui novidades, o que o músico disse desta vez é o que anda a dizer já faz algum tempo. Há uns meses IHSAHN afirmou que os EMPEROR chegaram “a uma conclusão muito natural” e afirmou que um regresso ao estúdio seria “totalmente impossível”. O músico avançou ainda que não descarta a hipótese de voltar a colaborar com o guitarrista Samoth, sendo improvável que isso aconteça no contexto de um novo álbum dos EMPEROR.
“A menos que os planetas se alinhem para eu e o Samoth estarmos em sintonia com uma ideia comum do que queremos fazer ou não vejo isso a acontecer“, disse o músico. “Não há grandes exemplos de bandas que se tenham separado e que, após voltarem, tenham conseguido superar ou igualar o que fizeram antes. Isso não acontece porque é impossível competir com a nostalgia. A actual atmosfera na banda é melhor que nunca… Divertimo-nos muito a fazer o que fazemos, por isso não vejo nenhuma razão para arriscar destruir isso por possíveis razões que não são compatíveis com a natureza intransigente do que os EMPEROR eram.”
No final do ano passado, o influente IHSAHN revelou detalhes de um novo e ambicioso projecto a solo, que envolve dois álbuns “interligados”. Este lançamento conceptual (e homónimo) verá a lenda do black metal norueguês lançar um álbum de metal progressivo, bem como um álbum totalmente sinfónico, a 16 de Fevereiro de 2024 via Candlelight.