HYBRID THEORY

HYBRID THEORY: Banda de tributo sob fogo após dizer que agora são “os verdadeiros Linkin Park”

Uma declaração polémica dos nacionais HYBRID THEORY gerou revolta entre os fãs dos LINKIN PARK— e reacendeu o debate sobre os limites das bandas de homenagem.

A relação entre bandas de tributo e os legados que procuram preservar foi novamente posta em causa após uma declaração polémica dos portugueses HYBRID THEORY, uma das mais famosas bandas de tributo aos LINKIN PARK, que se autoproclamou como “os únicos Linkin Park verdadeiros actualmente. Esta polémica publicação nas redes sociais, entretanto apagada, mas feita num tom que muita gente interpretou como arrogante e desrespeitoso, desencadeou de imediato uma onda de críticas entre os seguidores mais leais dos autores de «Hybrid Theory» e «Meteora».

Rapidamente, o Reddit tornou-se palco de indignação colectiva. “Para uma bandas de covers, fazer isso é completamente errado”, escreveu um utilizador. “Uma banda de tributo existe para prestar homenagem, não para substituir. Que bando de idiotas.” Outro fã foi mais longe, criticando até a estética do vocalista: “Esta banda de ‘tributo’ é uma piada. Não podes chamar-te isso se estás a desrespeitar a banda original. Sempre me causaram má impressão, especialmente o vocalista, por ser uma cópia assustadora do Chester. Tudo isto é arrepiante.”

Perante a pressão crescente, os HYBRID THEORY viram-se forçados a fazer controlo de danos e reagiram com um pedido de desculpas formal, publicado no Instagram. Na mensagem, a banda tentou distanciar-se do conteúdo ofensivo: “Estas republicações não reflectem de todo a nossa ética!”, lê-se no comunicado. A seguir, os músicos explicaram ter delegado a gestão das suas redes sociais, visando focarem-se mais nas actuações ao vivo, e justificaram-se com o facto das publicações problemáticas terem sido feitas sem a devida supervisão.

“A velha máxima se queres algo bem feito, faz tu mesmo’ é verdadeira”, continuaram os HYBRID THEORY. “Estas publicações são de mau gosto e nunca deviam ter visto a luz do dia. Devido ao número esmagador de tags após os nossos concertos, estes reposts foram feitos sem validação. A pessoa responsável já não trabalha connosco.” A nota termina com um apelo directo aos fãs: “Pedimos-vos desculpa por qualquer desconforto causado. Os Hybrid Theory amam os Linkin Park. Quem nos conhece sabe que isso é verdade. Ponto final.”

Ainda assim, o episódio reacende um debate complexo: afinal, qual é o papel das bandas de tributo na preservação de um legado musical, e até que ponto podem apropriar-se da identidade das bandas que homenageiam? A resposta não é simples. Se por um lado há admiração genuína e a tentativa de manter viva a memória de artistas fundamentais, por outro existe sempre o risco de deturpar a herança artística e explorar comercialmente uma marca com a qual não têm ligação criativa directa.

O próprio Mike Shinoda, cantor e cofundador dos LINKIN PARK, já expressou em entrevistas sentimentos ambíguos sobre este fenómeno. O músico reconhece o entusiasmo dos fãs que se envolvem em bandas como os HYBRID THEORY, mas também levanta preocupações sobre exploração e falta de autenticidade. Como sublinhou numa entrevista citada nos fóruns da LPLive, os músicos que fazem parte de bandas de tributo muitas vezes usufruem do prestígio e das canções de bandas consagradas sem terem percorrido o mesmo caminho artístico.

Neste caso, o impacto da declaração é ainda mais sensível tendo em conta a importância histórica dos LINKIN PARK. A banda vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o mundo, sendo amplamente considerada uma das mais influentes do século XXI. Desde a morte de Chester Bennington, em 2017, a ligação emocional entre os fãs e o legado da banda tornou-se ainda mais profundo. No ano passado, os LINKIN PARK anunciaram um novo capítulo com a entrada da vocalista Emily Armstrong, revelando que continuam ativos e em transformação.

Desde então, todos os passos que deram mostram que o futuro da banda norte-americana continua a ser construído com cuidado, com os músicos a respeitarem o passado sem se prenderem a ele… Tendo isso em conta, qualquer tentativa de apropriação indevida do seu nome ou estatuto é especialmente delicada; e esta controvérsia à volta dos HYBRID THEORY pode servir de alerta a outras bandas de tributo.

É possível — e desejável — prestar homenagem com respeito, claro, mas sem ultrapassar certos limites éticos. A resposta rápida do público e o recuo da banda demonstram bem o quão vigilantes estão os fãs quando se trata de proteger o legado de artistas que marcaram gerações. Entretanto, os posts originais dos HYBRID THEORY já foram removidos, mas o impacto do episódio permanecerá como exemplo das consequências de um deslize na gestão de imagem, sobretudo quando se lida com memórias ainda tão vívidas e sensíveis.