«Sombre Dessein» é o segundo disco dos suíços HEROD. Lançado em Fevereiro deste ano, traz-nos um som denso que remete para Voivod e Gojira. Os Herod são quatro: Pierre Carroz e Bertrand Pot nas guitarras, Michael Pilat, guitarra e voz, e Fabien Vodoz na bateria. Suíços, demoraram algum tempo a registar o novo disco, num hiato de quatro anos, desde a saída de «They Were None», em 2014, e subsequente partida do vocalista David Glassey. Para Pierre Carroz, o grupo não perdeu todo este tempo intencionalmente. “Tivemos que procurar um novo vocalista e fazer novas negociações com editoras,” explica. Pierre é a alma do grupo, inicialmente pensado por ele, quando vivia em Malmø, na Suécia, em 2006. Com a adversidade do clima, e num país desconhecido, optou por se fechar no apartamento a compor temas, registados num gravador de quatro pistas. De volta à Suíça, em 2011, formou os Herod e gravou o trabalho de estreia, contando com a produção de Julien Fehlmann, o homem por trás do som dos The Ocean ou dos Coilguns. Pierre Carroz recorda que, apesar de tudo, neste período puderam tocar com grupos como Gojira, Carcass, ou Voivod. “Aprendemos a trabalhar melhor em conjunto e a conhecermo-nos melhor,” refere. “Neste momento já estamos a trabalhar em novas ideias e a planear como será o próximo disco, embora sem data definida para iniciar o processo. Mas certamente será mais breve que este.”
O novo trabalho conta novamente com Julien Fehlman na produção, mas para masterização foi escolhido Magnus Lindberg, dos Cult Of Luna. Mike Pilat, vindo dos The Ocean, grupo com quem farão a próxima tour, é o novo vocalista, “Traz bastante experiência, assim como um sério impacto na variedade de guturais e vocais limpos,” descreve Carroz. “Também toca guitarra, que nos torna num grupo com três guitarras, uma novidade para os Herod. Ele usa guitarra barítono, que pode ser usada como baixo, além de criar harmonias e ambientes.” Poderá ser estranho falar em três guitarras e nenhum baixo, e Carroz reconhece que possuem “uma formação bastante especial.” E prossegue: “Eu uso um stereo rig, com um dos seus amplificadores apenas a ser usado para funções de baixo. Os três guitarristas usam pedais de oitavas, para poderem usar afinações mais graves em determinadas partes. Na realidade, desde o princípio que não temos um baixista, e nunca foi uma posição que fosse pensada, além de que a afinação usada é tão baixa que seria difícil afinar um baixo a esse nível.”
Neste disco, Bill Steer dos Carcass é convidado na faixa «Fork Tongue», e tudo começou em 2013, quando Pierre foi técnico de luz na digressão europeia dos Carcass. Assistia todas a noites maravilhado à actuação de “Sir William Steer,” como lhe chama, que considera ser “um guitarrista fantástico e inspirador, além de uma pessoa extremamente humilde.” Já o conceito do disco começou com um conjunto de ideias recolhidas ao longo de meses. “Numa altura em que lia trabalhos de um filósofo francês, Michel Onfray, que defende a ideia em que a nossa civilização terá um fim que será próximo de uma tragédia grega,” recorda. O músico lembra também que “todos estudámos a história de civilizações que colapsaram a um dado momento, mas não somos capazes de enfrentar a ideia de que também a nossa, que começou há 2.000 anos, irá ter um fim.” Da colaboração com Mike surgiu a ideia de “construir as letras à volta do conceito da aparição e fim de um ditador, no espírito do rei Herodes.”