Se todos já foram mais ou menos interiorizando que os festivais e outros eventos deste Verão estão condenados, cada novo cancelamento dói porque ainda existe o sonho de poder ver a banda X tocar no festival Y. Esta semana dois dos mais importantes festivais europeus viram-se forçados a anular as suas edições deste ano. Primeiro foi o COPENHELL, na Dinamarca, e hoje o gigantesco HELLFEST, em França. Os cartazes de ambos ultrapassavam os cem artistas e ajudavam a definir as rotas europeias para outros festivais. Com o adiamento de ambos os cartazes para 2021, certamente que um sem número de outros festivais, que ajudariam os artistas presentes nestes, irão começar também a caír.
Entretanto, nesta última semana, muitos foram também os que começaram a perceber a diferença jurídica entre “cancelar” e “adiar”, pois se no primeiro caso é dever do organizador devolver o preço do bilhete, já no segundo, de acordo com a lei europeia, não muito afastada das restantes, basta o evento realizar-se no prazo de 365 dias para não haver direito a devoluções. Apesar da solução polémica, no caso do HELLFEST, esta é contornada, com a organização a aceitar devoluções, desde que feitas pelo vendedor oficial. Em lugar de posições equívocas e formatadas, já verificadas noutros casos, inclusive em Portugal, o evento francês vê aqui a possibilidade de quem não tinha obtido um ingresso antes, o poder fazer agora, ao mesmo tempo que assegura a saúde financeira de um evento que com tudo isto já afirmou perder 2 milhões de euros.
No já referido comunicado, que pode ser lido aqui, a organização revela ter investido 175 mil euros num seguro contra todos os riscos, em meados de Dezembro de 2019, mas que não será válido, visto, na perspectiva da seguradora, a pandemia ser nova, não existir na data e por isso estar fora da cobertura de um seguro contra todos os riscos. Com estes cancelamentos, bandas como SYSTEM OF A DOWN, KORN, DEFTONES, FAITH NO MORE e muitas outras perdem datas fundamentais no seu itinerário europeu deste ano. Ainda pouco se sabe das decisões desses grupos, sendo já claro que os DEFTONES irão adiar a sua presença em Portugal para o próximo ano, tocando um dia antes de se completarem os 365 dias, evitando assim a devolução de bilhetes. No caso do COPENHELL, os IRON MAIDEN já anunciaram estar presentes na edição de 2021, não explicitando se isso implicava o adiamento da digressão que ainda esta semana viu as datas japonesas serem anuladas.