Durante os dias 15, 16 e 17 de Junho o gigantesco HELLFEST transformou a localidade francesa de Clisson numa meca para todos os apreciadores de música pesada. O Pedro Roque viajou até lá com um contingente português bastante assinalável e trouxe, obviamente, histórias para contar através da sua lente. Aqui fica a primeira parte do diário de bordo do intrépido fotógrafo da Margem Sul.
Felizmente consegui um bom lugar e a viagem de ida não foi tão dolorosa como esperava, os metaleiros estão mais bem comportados — incluindo eu, que disse a toda a gente que este seria o festival em que me ia portar melhor este ano. Algo que iria, obviamente, comprometer mais tarde.
Dia 0 significa encontrar um sitio confortável para montar a tenda, comprar mantimentos (não resisti às garrafas de Jägermeister) e aquecer para três dias de muito barulho e abusos. A certa altura apareceu no acampamento português um tipo escocês — já um pouco alterado — a cantar música pimba nacional. E isto foi só mesmo o inicio — ao ir buscar a pulseira de acesso ao recinto deparei-me com todo o tipo de carnaval… Valia, literalmente, tudo.
Dia 1; 10:30 em ponto e estou dentro do fosso de fotógrafos do palco The Valley, ainda meio vivo depois de uma noite de copos e de ter estado algum tempo a espera de um tão desejado banho. Um concerto dos Celeste surreal em todos os aspectos, pela hora, intensidade e aqueles strobes que, logo ao acordar, deixam uma pessoa algo tonta.
No primeiro dia o palco The Warzone esteve um luxo para os amantes de punk/hardcore/crust e foi mesmo ali que passei a maior parte do tempo. A certa altura a chuva rompeu pelo festival a dentro e a lama tomou de assalto o recinto, que parecia um Woodstock. No pit de fotógrafos havia uma poça gigante e o melhor era mesmo ter ido de galochas.
Depois de ter visto uma quantidade considerável de concertos, ingerido uma quantidade considerável de aditivos líquidos, eis que chega um dos momentos que mais aguardava… Os Tragedy aparecem em palco e a adrenalina começa a correr com o riff da «Conflicting Ideas». Resultado, bati o meu record pessoal do concerto mais rápido de fotografar de sempre. Foi sacar umas boas imagens, verificar e sair, de sorriso na cara, ao pontapé a toda a gente que estava no pit.
A minha missão no Hellfest não era só “sacar” boas imagens das minhas bandas preferidas, era também acompanhar a aventura das Twisted Sisters numa ocasião muito especial para esta equipa. A dupla entra em palco, a música de fundo pára e fica um certo clima de tensão no ar, como que a antecipar o que aí vem. Até que arrancam com toda a pujança com a Marcha Imperial do «Star Wars» e muito rock, metal, crust… Casa cheia e tudo louco, mais parecia um concerto. No final, a sensação de missão mais que cumprida.
Texto e fotos:
PEDRO ROQUE