HATEBREED

HATEBREED: «Perseverance», um proverbial manifesto de força, fúria e resiliência

Editado no dia 12 de Março de 2002, o segundo álbum dos HATEBREED mostrou que Jamey Jasta e companhia não cedem, não comprometem a sua identidade e não vacilam — o «Perseverance» é a prova definitiva dessa convicção.

Cinco anos de silêncio discográfico não foram suficientes para atenuar a fúria de Jamey Jasta e dos seus HATEBREED. Pelo contrário, «Perseverance» — o segundo álbum da banda e o primeiro lançado através de uma grande editora — afirmou-se como a prova de que a essência bruta e combativa do grupo norte-americano continuava intacta, mesmo após trocar a independente Victory Records pela gigante Universal. Lançado originalmente a 12 de Março de 2002, o disco reafirmou o compromisso dos músicos com uma fusão distinta de hardcore e metal, intensificando ainda um pouco mais a agressividade sonora que os tornou uma força inquestionável dentro da cena.

O «Perseverance» marcou o regresso de HATEBREED após o impacto inicial de «Satisfaction Is the Death of Desire», de 1997, um álbum que redefiniu os padrões do hardcore moderno. Na altura, a pressão para corresponderem ao legado deixado pelo LP de estreia era enorme, especialmente com a transição para a Universal, uma editora de maior dimensão. No entanto, em vez de suavizarem ou diluírem a sua descarga, os HATEBREED fizeram exactamente o oposto: endureceram ainda mais a abordagem, transformando o álbum num manifesto de agressividade e resiliência.

A produção mais polida e musculada é um reflexo directo do novo suporte financeiro e técnico oferecido pela editora. No entanto, o que realmente sobressai é a intensidade crua que a banda mantém inalterada. Desde os primeiros acordes de «Proven», que abre o álbum com uma descarga sonora avassaladora, fica claro que os HATEBREED não estão interessados em compromissos ou concessões.

Jamey Jasta está mais feroz que nunca, com o seu timbre gutural a rasgar cada faixa com uma convicção inabalável. A entrega revela-se um ataque frontal e ininterrupto, complementado por uma secção rítmica impiedosa e por riffs cortantes que refletem uma influência crescente de bandas como os SLAYER ou os SLIPKNOT. Esta aproximação ao metal é particularmente evidente em faixas como a demolidora «Final Prayer», que conta com a participação de Kerry King. A presença do guitarrista dos SLAYER confere-lhe uma aura de peso e brutalidade, consolidando a ponte entre o hardcore e o thrash que os HATEBREED começaram a explorar com mais intensidade neste disco.

Como é lógico, essa fusão de dois estilos musicais de natureza ultra agressiva dá ao disco uma atmosfera ainda mais sombria, afastando-se ligeiramente das raízes puramente hardcore, mas sem que alguma vez se perca a essência combativa da banda. Liricamente, Jasta mantém o foco em temas de resistência e de superação. Cada verso é cuspido com uma raiva direccionada a figuras e situações não especificadas, mas o tom geral é de afirmação e força. Feitas as contas, em «Perseverance», os HATEBREED não se limitam apenas a expressar frustração — declaram guerra à adversidade e afirmam a sua capacidade de resistir a qualquer obstáculo.

Como se tudo isso não bastasse, a coesão estrutural do disco é impressionante. A banda mantém o ritmo agressivo ao longo de todo o álbum, sem espaço para pausas ou momentos de contemplação. «I Will Be Heard» e «A Call For Blood» são exemplos perfeitos dessa consistência sonora, combinando breakdowns esmagadores com mudanças de ritmo que estimulam a violência controlada dos moshpits nos concertos. As transições hardcore, marca registada de HATEBREED, estão mais afiadas e incisivas que nunca, sendo que reforçam o impacto visceral de cada faixa.

Se, por um lado, essa insistência numa fórmula imutável pode ser vista como um potencial ponto fraco, a banda não só preserva a sua identidade como a reforça de forma bem vincada, com o «Perseverance» a cumprir totalmente o seu propósito com brutalidade e precisão. É uma declaração de força e resiliência, um lembrete de que os HATEBREED, que nos vão visitar no Verão, são uma das forças mais genuínas e implacáveis dentro do hardcore e do metalcore.