Apesar de uma discografia já respeitável e merecedora de atenção pela forma como têm cruzado o peso do doom contemporâneo com influências vindas de latitudes um bocadinho mais inesperadas como o são às aproximações à new wave dos 80s, a evolução dos parisienses Hangman’s Chair tem passado relativamente desapercebida. «A Loner» inaugura uma nova e importante etapa do quarteto liderado por Cédric Toufouti, sendo claramente o disco onde essa vertente mais etérea melhor se faz sentir, roubando algum protagonismo à aspereza próxima do sludge que em tempos até foi determinante para a sonoridade de álbuns como «Hope / / / Dope / / / Rope» (é mesmo um daqueles títulos com o sabor dos subúrbios). Não se tratando necessariamente de uma concessão, até porque não estamos propriamente perante nenhuma mudança de fundo na sonoridade que têm vindo a apurar ao longo dos seis longa-duração, acaba por ser um disco claramente marcado pela consciência da oportunidade e responsabilidade que representa a estreia por uma editora gigante como a Nuclear Blast.
Para quem tem um imaginário assombrado pelo negrume da alienação urbana, um dos aspectos mais convincentes do quarteto continua a ser a envolvência estranhamente sedutora que se estende ao longo dos álbuns, uma atmosfera com espaços de composição que privilegiam uma intensidade puramente instrumental e que convidam a uma experiência auditiva demorada. «A Loner» não foge muito a esta “fórmula”, e este até é um daqueles discos que quase se podia imaginar dividido em duas partes: um primeiro momento mais agressivo que se estende de «An Ode To Breakdown» e fica em suspenso com o instrumental de «Pariah And The Plague», o tema que abre caminho para uma segunda parte no geral mais “luminosa”, para não dizer mesmo sonhadora. Não será o disco mais interessante da carreira, mas não deixa de ter os seus pontos de interesse, com destaque natural para o single de avanço «Cold & Distant» e «Supreme», o tema onde esta apropriação das texturas dos anos 80 mais convence. [6]