ELECTRIC CALLBOY

Rock, turistas e receitas: o efeito GUNS N’ ROSES na cidade de Coimbra.

A noite de 6 de Junho em Coimbra ficou marcada pela actuação dos GUNS N’ ROSES, que regressaram a Portugal para subir ao palco instalado no Estádio Municipal e fazer ecoar clássicos como «Sweet Child o’ Mine» ou «November Rain». Mas o impacto da lendária banda norte-americana não se fez sentir apenas nos amplificadores: os dados recentemente revelados no REDUNIQ Insights, relatório da REDUNIQ que analisa os pagamentos por cartão em Portugal, demonstram que o concerto teve um efeito bem directo e mensurável na economia da cidade, com destaque para o impulso trazido pelos visitantes estrangeiros.

O espectáculo de Axl Rose, Slash, Duff e companhia, traduziu-se num aumento de 12,38% na facturação dos negócios da região em comparação com o mesmo dia da semana no ano anterior (sexta-feira, 7 de Junho de 2024). Este crescimento foi especialmente alimentado pelo turismo internacional, fãs lá de fora que viram ver os GUNS N’ ROSES a Portugal, com a facturação estrangeira a subir uns expressivos 35,30% face a 2024. Por contraste, o consumo nacional registou um aumento mais comedido de 9,97%.

Apesar da efervescência registada nos negócios locais, o valor médio de cada transação (o chamado ticket médio) desceu 8,91%, situando-se agora nos 26,59€, abaixo dos 29,19€ registados no ano anterior. Segundo Tiago Oom, Head of Merchant Acquiring da UNICRE, “esta descida pode justificar-se por uma maior contração do consumo por parte dos portugueses, espelhada na descida de 10,39% do ticket médio nacional para 25,93€. No entanto, esta descida é suportada pelo dinamismo que o turista estrangeiro mantém junto da economia local, tendo impulsionado o ticket médio estrangeiro em 3,99% para 33,14€”.

Ainda assim, foram os consumidores nacionais quem mais peso tiveram na economia local no dia em que os GUNS N’ ROSES tocaram, representando 88,58% do total da facturação. Porém, a diversidade de nacionalidades que contribuíram para o consumo local cresceu: se em 2024 tinham sido registadas transações de 73 nacionalidades, em 2025 esse número subiu para 84. Entre as novas entradas estão 16 nacionalidades que não tinham marcado presença no ano anterior.

No ranking das nacionalidades estrangeiras que mais contribuíram para o comércio local por causa de Axl e dos seus GUNS N’ ROSES, a liderança pertence agora a Espanha, com 17,54% do total da faturação estrangeira — uma subida da terceira para a primeira posição. Seguem-se Brasil (13,71%), Estados Unidos (9,84%), Irlanda (7,97%) e França (7,86%). A Bulgária, que passou do 17.º lugar em 2024 para o 10.º em 2025, surge como uma das surpresas mais notórias.

Ainda que os GUNS N’ ROSES tenham dado um contributo notável à economia coimbrã, o relatório REDUNIQ Insights sublinha que o impacto económico do concerto foi inferior ao registado aquando da passagem dos COLDPLAY por Coimbra, em 2023. Nessa ocasião, o ticket médio global foi de 30,38€, valor superior ao atual. No consumo estrangeiro, a subida é marginal (de 32,65€ em 2023 para 33,14€ em 2025), mas o valor médio nacional caiu abruptamente de 30,15€ para 25,93€, revelando uma tendência de maior contenção do público português.

No que respeita ao top 5 das nacionalidades estrangeiras com maior peso na faturação local, também se verificam mudanças de posição: em 2023, o pódio foi ocupado por Espanha, França, Brasil, Estados Unidos e Irlanda; em 2025, a nova ordem coloca Espanha à frente, seguida de Brasil, Estados Unidos, Irlanda e França.

Com este novo retrato traçado pela REDUNIQ, confirma-se que os grandes concertos são mais do que momentos de celebração musical: são motores de dinamização económica com efeitos reais e quantificáveis nas cidades que os acolhem. E se é verdade que os GUNS N’ ROSES não superaram o fenómeno económico de COLDPLAY, também é certo que a sua presença fez Coimbra vibrar — nas colunas, nas caixas registadoras e na memória de quem por lá passou.