ZEBRAHEAD

Esta compilação insólita acompanha a actual digressão dos GUNS N’ ROSES. Apelidada ‘Because What You Want & What You Get Are Two Completely Different Things’, a rota passa pelo Estádio Cidade de Coimbra, no dia 6 de Junho.

Num momento tão surpreendente quanto autodepreciativo, os GUNS N’ ROSES divulgaram oficialmente um vídeo de 59 segundos que reúne todas as vezes em que Axl Rose caiu em palco. No total, são catorze momentos embaraçosos — com direito a um deslize claramente intencional — e ainda um extra em que o vocalista, apesar de tropeçar, consegue manter o equilíbrio com agilidade inesperada.

A escolha de publicar uma montagem focada nos tropeções do líder dos GUNS N’ ROSES não deixa de levantar questões. Conhecido por evitar os holofotes fora dos palcos, Axl Rose não é propriamente dado a autorretratos ridículos. Ainda assim, tudo aponta para que este vídeo seja uma estratégia deliberada de promoção da actual digressão mundial da banda, que leva o irónico nome Because What You Want & What You Get Are Two Completely Different Things Tour. A primeira data decorreu no início do mês no Songdo Moonlight Park, em Incheon, na Coreia do Sul.

Segundo a contagem realizada por meios especializados, os GUNS N’ ROSES terão dado cerca de 1092 concertos ao longo da sua carreira. Isto significa que as quedas de Axl Rose acontecem, em média, em 1,28% das atuações da banda — um número surpreendentemente elevado e que, especula-se, poderá apenas ser superado por Dave Grohl, notório por também não evitar o chão em palco.

O vídeo, disponível em cima, além de funcionar como um apanhado humorístico dos momentos menos gloriosos do icónico vocalista, parece reforçar o actual espírito da banda: após décadas marcadas por um número incontável de polémicas, atrasos e mudanças de formação, os GUNS N’ ROSES parecem, por fim, ter abraçado a leveza e a ironia como parte do seu legado.

A próxima oportunidade para testemunhar, ao vivo, um eventual 15.º tombo de W. Axl Rose acontece já no próximo dia 23 de Maio, na Kingdom Arena, em Riade, na Arábia Saudita. Por cá, os GUNS N’ ROSES actuam no Estádio Cidade de Coimbra, no dia 6 de Junho. Até lá, fãs de todo o mundo podem deliciar-se com este lado mais humano (e literal) de uma das maiores lendas do rock.

Os GUNS N’ ROSES arrancaram oficialmente a sua digressão mundial de 2025 no passado dia 1 de Maio, com uma actuação em solo sul-coreano que marcou não só o regresso da banda aos palcos após ano e meio de silêncio, mas também a estreia de Isaac Carpenter como novo baterista do grupo. O músico, anteriormente ligado a projectos como LoadedAwolnation ou Adam Lambert, sucede assim a Frank Ferrer, que ocupava o lugar atrás do kit de bateria nos GUNS N’ ROSES desde 2006 e cuja saída foi confirmada em Março último.

A primeira prova de fogo de Carpenter aconteceu frente a uma plateia entusiasta e começou com um gesto simbólico: a banda abriu com «Welcome To The Jungle», algo que não acontecia desde 2012. A escolha não foi inocente — o tema continua a ser um verdadeiro grito de guerra, assinalando neste ocasião de uma nova era. O alinhamento de 22 temas percorreu todas as fases do percurso discográfico dos GUNS N’ ROSES. Os clássicos de «Appetite For Destruction» estiveram muito bem representados com temas como «Mr. Brownstone», «It’s So Easy», «Rocket Queen» e, claro, «Sweet Child O’ Mine».

A fase épica de «Use Your Illusion» também não ficou esquecida, com interpretações sentidas de «Estranged» e «November Rain». Até os tempos mais controversos de «Chinese Democracy» marcaram presença com «Better» e «Sorry», mostrando uma vontade clara de reafirmar toda a história da banda — e não apenas os seus momentos de maior aclamação comercial. Entre as surpresas da noite, destacou-se a inclusão de «Perhaps», um dos singles mais recentes da banda, lançado em 2023.

E como já vem sendo habitual nos concertos da formação liderada por Axl Rose, houve também espaço para versões bem poderosas de outros clássicos, como foram os casos de «Knockin’ On Heaven’s Door», «Live And Let Die», «Slither» — uma homenagem implícita a Slash e Duff McKagan — e até a inesperada e melancólica «Wichita Lineman», de Jimmy Webb. Apesar da ausência de encore, o encerramento do concerto teve o peso emocional e simbólico esperado, com uma sequência final que incluiu «Patience», «Nightrain» e a explosiva «Paradise City».