Os GRUNT anunciaram finalmente a data de lançamento para «Discipline», terceiro longa-duração do grupo. Depois da estreia de «Piedade» é agora possível saber que o grupo portuense lança o novo disco na próxima sexta-feira santa, sublinhando assim a heresia subjacente à atmosfera sexual que transparece das letras e abordagem visual do colectivo. Com edição pela Larvae Records, em «Piedade», que podes ouvir em cima, a banda embarca num som mais electrónico, próximo do industrial, sem perder o lado grind que a caracterizava. Muitas das letras são, agora, em português, pois, como Boy-G explica, “existem subtilezas que só conseguimos extrapolar com recurso à língua materna”, até porque “as línguas latinas gozam de uma supremacia semântica e fonética incomparáveis, o português não é excepção”.
No passado os GRUNT aliavam grind a um visual bondage e a actuações extremas, por vezes com figurantes em sessões explícitas de sado-maso. O músico, em declarações à LOUD!, reconhece que “este disco foi composto sem qualquer compromisso”, estava encontrada “a oportunidade ideal para incorporar este e outros elementos que achamos cruciais incluir no álbum”. No entanto, apenas “são três os temas do disco cantados em português”, um dos quais, para espanto de muitos, “é uma adaptação de uma música de Astor Piazzolla na qual introduzimos uma declamação poética”, afirma, referindo-se a «Libertango», faixa que acaba por não ser incluída no alinhamento final do disco.
A gravação repartiu-se por “duas fases distintas; as linhas instrumentais foram captadas no Stone Sound Studio pelo Ricardo Oliveira, enquanto que as vozes foram gravadas no Rec’n’Roll pelo Luís Barros e Paulo Barros”. Embora mantendo-se como quarteto, há uma alteração na formação, com a saída de Boy-D, ingressando no seu lugar Boy-J, “que também actua nos Vai-te Foder, Capela Mortuária, entre outros nomes”. De resto, a formação mantém-se com Boy-G, guitarra, voz e electrónica, Boy-S na guitarra, e Boy-Z, baixo e samplers. Neste novo trabalho, em que aparecem transfigurados e a singrar novos percursos, “o objectivo era soar a Grunt, até porque a diversidade do disco não permite aplicar um template sonoro ao conjunto dos temas”, por isso o grupo andou “meses no encalce desta mistura que finalmente nos mostrava aquilo que queríamos ouvir”.