Após o sucesso editorial da auto-intitulada cassete de estreia, com duas edições esgotadas, os portuenses GRINDEAD voltam à carga, agora através do vídeo para «Turn Black», uma das seis faixas incluídas no trabalho de estreia. Este novo nome portuense identifica-se como death/grind, e reúne elementos associados ao underground nortenho. Luís Gonçalves, na voz, bem conhecido pela sua passagem pelos Genocide e, após o final do grupo, integrar o projecto Lost Gorbachevs, de uma mistura experimental de free-jazz com grindcore. David Teves Reis, no baixo, que passou por Hospital Psiquiátrico e ainda está activo em Bal Onirique, banda de rock gótico. Já o baterista Miguel “M&Ms” Brandão, é conhecido pelo seu trabalho, no passado, com Web e Agnosia, e tinha estado ligado aos Assassinner. Mário Ribeiro, guitarrista e mentor dos Grindead, foi o elemento menos activo depois do final dos Genocide.
Nas palavras de Luís Gonçalves, “a ideia inicial foi do Mário Ribeiro, guitarrista e principal compositor da parte instrumental, ele vinha falando comigo há já algum tempo desde 2015 ou 2016, não sei bem precisar.” O vocalista descreve o também antigo músico dos Genocide como “uma pessoa que tem como passatempo compor alguns riffs e algumas malhas em casa e já com alguns trabalhos para mostrar.” Pelo meio, “convidou o Miguel para a bateria, que é também um amigo de longa data, começaram a trabalhar juntos na sala de ensaios e, mais tarde, entrou o David, o mais novo da banda, uma pessoa que já assistia a alguns concertos nossos na altura de Genocide e Raising Fear, banda a que o Mário esteve ligado.” Apesar da formação estabilizada, o arranque ainda demorou, em parte devido ao próprio Luís, pois “A minha profissão raramente permitia que eu aparecesse nos ensaios ao fim da tarde, tornava-se bastante difícil, depois fui aparencendo aos poucos mediante a disponibilidade, e fui encaixando a voz.”
Hoje, os Grindead definem-se como “acima de tudo, quatro grandes amigos unidos não só pelo gosto pela música extrema, mas também por uma relação de amizade de há mais de 25 anos, mesmo fora do circuito musical.” Não é preciso avançar muitas linhas numa biografia, ou até neste texto, para encontrar a referência aos Genocide, algo que poderá levar muitos a pensar numa segunda encarnação do colectivo, mas como o vocalista refere, “já tivemos várias oportunidades, em algumas entrevistas, de referir que são duas bandas bastantes distintas em termos sonoros e até em termos da própria temática que as letras abordam.” O músico prossegue, referindo que “por outro lado, não existe nem nunca existiu qualquer tipo de sentimento de responsabilidade em relação ao nosso passado quando resolvemos formar os Grindead, até porque criámos esta banda com uma atitude mais relaxada, uma atitude mais grind, se assim se pode dizer.” Para ele é claro que “em termos sonoros, as diferenças são bastante evidentes, mas ao mesmo tempo é compreensível que algumas pessoas que gostavam bastante dos Genocide, ao verem um novo projecto em que frontman e guitarra ritmo pertenciam a essa banda, façam a inevitável a associação. Penso que devemos encarar isso de uma forma positiva, significa que os Genocide deixaram marcas no underground e podemos sentir-nos bastante honrados com esse tipo de reacções por parte do público.”
A estreia ao vivo deu-se no Porto Deathfest, seguindo-se meia dúzia de datas, e a edição da tape homónima. Luís confessa não saber se há muita ou pouca gente a falar dos Grindead. “Pelo menos temos tido um bom hype que provavelmente não teríamos se não fosse o passado dos elementos. Neste caso, trata-se de uma banda recente mas, ao mesmo tempo, formada por gente relativamente conhecida no underground, o que já é bastante positivo.” É esse passado e essa experiência no meio que leva o colectivo a ter os pés bem assentes na terra e a ser bastante moderado em relação aquilo que se pode esperar em relação às expectativas para o futuro. “O futuro é sempre uma incógnita, existe uma série de factores que condicionam ou até favorecem o trabalho como banda e como músico, que não estão directamente ligados à menor ou maior qualidade, mas ao meio que te rodeia e onde te moves, com quem te relacionas, toda uma máquina que está por trás das bandas, e também os chamados lobbies.” Enquanto Grindead, o que os músicos podem assegurar, para o futuro, “é o mesmo tipo de atitude que temos tido até aqui, que nos caracterizou no passado, no fundo, o mesmo tipo de postura em relação à música extrema.”
Venha daí então essa extremidade, com o novo e arrasador vídeo-clip do tema «Turn Black», em exclusivo para a LOUD!.
(fotos: Helena Granjo)