GRAVEYARD + THE QUARTET OF WOAH! @ LAV – Lisboa Ao Vivo, Lisboa | 28.05.2023 [reportagem]

Caso houvesse dúvidas em relação a como melhor acabar uma semana (e preparar a entrada da próxima), os suecos GRAVEYARD chegaram a Portugal para um concerto único no LAV – Lisboa Ao Vivo — que, como brinde para os fãs do bom rock contou ainda com a presença dos “nossos” THE QUARTET OF WOAH como banda de abertura. É um facto de que são duas bandas bem distintas, mas que encaixam muito bem uma na outra e que faziam antever desde logo a receita para uma grande noite. Visivelmente, não fomos os únicos a pensar isso, já que o público compareceu em bom número para celebrar a boa música que se ia ouvir. Foi então precisamente pelo som lusitano que os riffs e melodias começaram a fluir na sala lisboeta. Os THE QUARTET OF WOAH sempre foram uma força da natureza a merecer boa reverência em cima dos palcos e a forma como agarraram a actuação, garantiu-nos que nada tinha mudado nesse aspecto. Começando logo com o épico progressivo «As Of Life», do segundo e auto-intitulado álbum de originais, a revelar-se a forma perfeita para quebrar o gelo que, sejamos sinceros, se tinha dissipado a partir do momento em que entraram em palco. Curiosamente, o grosso do alinhamento foi composto por temas que ainda não foram editados, e que andam efectivamente a ser rodados ao vivo já há algum tempo. Seja como for, a abordagem traz esperança de que podemos esperar novidades de estúdio em breve. A mistura irrepreensível de rock clássico, progressivo e até stoner garantiu o aquecimento do público para os senhores da noite e mostrou-nos uma banda em topo de forma.

Tal como os músicos portugueses, os GRAVEYARD não editam um álbum há algum tempo — o que torna bem óbvios os malefícios da pandemia na forma como mantiveram congelados, ou alteraram, os planos de muitas bandas. Neste caso não havia, no entanto, o mínimo receio de que esse “pormenor” afectasse o culto ao rock. Os suecos entregaram- no como deve ser, e começaram logo com «Hard Times» e uma novidade, intitulada «Randy», que têm andado a rodar ultimamente. Logo para início, serviram dois temas ao melhor estilo blues rock, mais que avalizadas para nos mostrarem a magia intemporal da música e do poder que tem sobre as pessoas. O rock é, como sabemos, significado de animação e foi precisamente isso que «Hisigen Blues» e «Cold Love» trouxeram nesta ocasião. O bom e velho rock’n’roll, que foi feito para perdurar e estar imune aos caprichos de modas passageiras, fez ouvir, com a clareza orgânica que se pretende deste tipo de coisa. A intensidade e a festa do público ia crescendo conforme o decorrer do concerto e os mais incrédulos até poderiam ficar surpreendidos pelos constantes crowd surfings que cruzaram o mar de cabeças na sala Nada que surpreenda quem sentiu o impacto de malhas como «Please Don’t», «Hålet» (mais um ainda não foi registado em disco, mas que já anda em rodagem desde 2019) e «The Siren», este o último antes de saírem brevemente do palco.  A terminar, já em fase de encore, vieram «Walk On» e «Ain’t Fit», tocadas sem deixar espaço para respirar e elevando a níveis máximos a intensidade na recta final da actuação. A recepção do público foi fantástica e o cheiro a vida e ao amor pelo rock pairaram fortemente na sala; o que, quando o estilo é tão marginal aos olhos do mainstream, deve ser celebrado sempre.

Fotos: Jorge Botas

Duas propost