Os suecos GRAVEYARD e a sua complicada relação com o vocabulário que lhes é frequentemente associado.
Digam o que disserem, o rock’n’roll nunca vai morrer — não enquanto houver miúdos a descobrir a coleção de discos dos pais e dos irmãos mais velhos, pelo menos. E, verdade seja dita, nenhum género musical algum dia morrerá enquanto houver gente a manter a chama viva, músicos que mantenham a esperança em relação a algo em que acreditam com convicção. Contra-argumentos a esta afirmação são mais que muitos, incluindo o facto de, hoje em dia, a quantidade de música produzida ser inversamente proporcional à capacidade de atenção do público, não deixando que ninguém se foque numa só banda.
Por outro lado, também há defensores da teoria de que o rock’n’roll já não pode ser considerado “puro”. Pois bem, ouvindo canções como «Uncomfortably Numb», «The Apple And The Tree» ou «Goliath» é difícil crer que alguém acredite realmente nisso. Nas mãos de bandas como os GRAVEYARD, o rock não está morto… Longe disso, na verdade — está mais saudável que nunca. Hoje, dia 8 de Agosto, a banda sueca, a viver uma segunda vida depois de um breve hiato, vai prová-lo, ao vivo e a cores, quando subir ao palco do SonicBlast Fest, para um há muito aguardado regresso a solo nacional.
Antes de terem a sua própria marca de cerveja, de ganharam o Grammy para melhor álbum de hard rock na Suécia, de tomarem de assalto por três vezes a tabela de vendas da Billboard e de figurarem em várias listas dos “melhores discos de 2011” com «Hisingen Blues», já os GRAVEYARD tinham captado a atenção do influente jornalista David Fricke, da Rolling Stone, no SXSW de 2008. “Eles apanharam totalmente de surpresa dezenas de pessoas”, afirmou Fricke na altura.
Não é, de resto, muito difícil perceber por quê. Com os seus riffs em uníssono e carregados de fuzz bem orgânico, malabarismos rítmicos e orelhas bem sintonizadas na criação de melodias e refrões que ficam de imediato na memória, o quarteto de Gotemburgo afirmou-se desde cedo como uma das mais geniais, e bem sucedidas, propostas saídas da cena rock’n’roll escandinava.
Evocando o saudoso espírito que caracterizou muita da música feita com guitarras na transição dos anos 60 para os 70, os jovens músicos estabeleceram reputação sólida com uma sequência de quatro discos exemplares e, actualmente, são um nome incontornável na tendência revisionista que tantos seguidores tem reunido nas primeiras décadas do novo milénio.
Ainda assim, os GRAVEYARD têm mantido uma relação complicada com o vocabulário — “rock clássico”, “metal retro” — que frequentemente lhes é associado nas críticas. A relação da banda com a história do rock ajudou-os a fazerem “suporte” a grupos míticos como Iron Maiden, Motörhead ou Soundgarden… No entanto, os músicos nunca aspiraram a definir-se pelo passado e são cautelosos em ser medidos por ele. “Sentir-me-ia muito desconfortável se percebesse que não tinha absolutanente nada de novo a trazer à história da música,” disse-nos Joakim Nilsson, o guitarrista e vocalista da banda, antes do lançamento de «Peace», o penúltimo álbum do quarteto.
O músico refere-se à posição dos GRAVEYARD na indústria como um “dilema”, elaborando: “É claro que queremos ser capazes de explicar a nossa música, mas a música não deve ser fácil de explicar”. Na verdade, por esta altura já se tornou mais que óbvio que a música que estes tipos — a formação a banda fica hoje completa com na guitarra, no baixo e na bateria — fazem é algo que muitos dos outros grupos a que são frequentemente comparados só podem aspirar.
Refutando fronteiras e limitações estilísticas, desde a sua formação há pouco mais de uma década, os GRAVEYARD criaram um som único, que inclui todos os estilos do rock’n’roll e os destaca no meio da avalanche de propostas do mesmo género. Do rock puro e duro aos blues, passando pelo jazz ou pela folk – neste caso estes rótulos estanques pouco importam, na verdade – o quarteto tem o dom de soar sempre autêntico, quase como se os músicos tivessem nascido na década errada.
Apoiados num versátil leque de referências, são daquelas bandas que não dão um ponto sem nó e servem o ouvinte com uma ampla gama de emoções, espelhadas em canções belas, capazes de encantar o mais empedernido apreciador de rock clássico. Nascidos na encruzilhada em que os Black Sabbath se encontram com os Rolling Stones, Free, Led Zeppelin e Janis Joplin, os GRAVEYARD apoiam-se em riffs e melodias de tirar o fôlego para conduzirem o seu público numa visita guiada ao universo perdido da verdadeira musicalidade.