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Explorações emocionais, novas rotinas de composição e a redescoberta do prazer de tocar ao vivo. Os GRAVEYARD regressam a Portugal já no próximo Sábado, dia 26 de Abril.

Quase duas décadas depois de se formarem em Gotemburgo, os GRAVEYARD continuam a explorar as fronteiras do rock com a mesma sede de autenticidade que os tornou uma das bandas mais respeitadas da cena retro-rock europeia. No próximo Sábado, 26 de Abril, o grupo sueco regressa a Lisboa para um concerto muito aguardado no LAV – Lisboa Ao Vivo, onde vão apresentar o seu mais recente trabalho de estúdio, «Six», num espectáculo que promete ser tão introspectivo quanto explosivo.

«Six», editado em 2023, surgiu num contexto profundamente marcado pela incerteza e pelo silêncio. “Foi um período muito estranho“, recorda Truls Mörck, baixista dos GRAVEYARD. “Quando terminámos por fim a digressão de promoção ao «Peace», em Março de 2020, voltámos para casa e, logo na semana seguinte, foi tudo cancelado. Ficámos tipo, ‘oh merda, será que vai haver música ao vivo de novo?’” Neste vácuo criativo, os músicos mergulharam numa escrita mais pausada e introspectiva, deixando-se influenciar pelo isolamento e pela desaceleração imposta pelo mundo exterior.

O silêncio e o ritmo lento fizeram com que muitas coisas viessem à tona, sobretudo emocionalmente, e isso inspirou as canções que escrevemos“, diz Truls, descrevendo o álbum como “um disco para momentos de reflexão mais do que para um concerto enérgico“. Apesar disso, os GRAVEYARD souberam encontrar outras formas de integrar esta nova sensibilidade na sua identidade sonora, mantendo o ADN que os tornou populares com álbuns como «Hisingen Blues», de 2011, ou «Lights Out», de 2012.

E, em palco, essa dinâmica ganha uma força particular. “Acho que estamos a dar os melhores concertos da nossa carreira“, afirma o baixista dos GRAVEYARD. “Sinto que agora há uma faísca diferente entre nós, é quase como se estivéssemos a regressar aos primeiros anos da banda.” Formados em 2006 por membros de projectos como os Norrsken, os GRAVEYARD sempre foram mais do que uma banda de revivalismo “setentista”.

Ao longo da sua já longa discografia, têm revelado uma habilidade única para alternar entre faixas hipnóticas e baladas carregadas de soul, sempre guiadas pela voz crua e emotiva de Joakim NIlsson e pelo talento instrumental de uma formação sólida e coesa. Talvez por isso, o alinhamento que trarão a Lisboa será, como de costume, um equilíbrio entre clássicos e novidades. “Temos sempre de fazer um pouco de equilibrismo“, confessa o músico.

Há músicas que sabemos que as pessoas gostariam de ouvir, mas que não gostamos de tocar. E temos de dizer ‘não, não as vamos tocar’. Mas há outras que nunca podem faltar.” Entre elas está a inevitável «The Siren», quase sempre reservada para o encerramento dos concertos, e «Hisingen Blues», um hino que continua a incendiar plateias por todo o mundo. Curiosamente, apesar de ser um disco muito elogiado, «Innocence & Decadence», é raramente representado ao vivo.

É algo em que devíamos trabalhar, porque tem alguns temas muito bons“, admite o músico, referindo-se ao disco de 2015. “Mas algumas músicas são um pouco estranhas, o que faz com que sejam mais difíceis de tocar ao vivo.” Entretanto, com os olhos já virados para o futuro, uma das novidades mais refrescantes para o grupo tem sido o regresso à composição em digressão — um hábito antigo que, durante anos, foi abandonado.

Na estrada com os Baroness, saía do palco e ia buscar uma guitarra. Tinha ideias frescas na cabeça, queria incorporar um certo tipo de música no alinhamento que não temos de momento. E gravava no telemóvel“, detalha Truls. Essa energia criativa, aliada a uma nova sobriedade pessoal, tem sido determinante para o renascimento artístico do grupo. “Como estou totalmente sóbrio, saio sempre do palco cheio de energia e com vontade de fazer alguma coisa. Em vez de perder o meu tempo em festas, escrevo música nova.

Em Lisboa, esse fogo criativo estará em plena combustão. E se há cidade que sabe acolher bandas com alma e entrega, é a capital portuguesa. Os GRAVEYARD, por seu lado, estão prontos — com o coração nas mãos, as guitarras afinadas e a vontade de tocar como se fosse a primeira vez. Os bilhetes para o concerto, que conta também com os lusos MISS LAVA como convidados especiais, estão disponíveis em primeartists.eu e nos locais habituais.