O primeiro-ministro António Costa acaba de anunciar o plano de desconfinamento para os próximos meses, numa conferência de imprensa realizada no Palácio da Ajuda — “chegou o momento que podemos falar com confiança da reabertura progressiva”, uma reabertura “a conta gotas”, afirmou António Costa. Esse “a conta gotas” refere-se a um regresso faseado à “normalidade”, que inclui a reabertura de cinemas, teatros, auditórios e salas de espectáculos a 19 de Abril e a possibilidade da realização de “grandes eventos no exterior e eventos interiores com diminuição de lotação” a partir de 3 de Maio. Este é, segundo o primeiro-ministro, “um processo gradual que está obviamente sujeito a uma reavaliação quinzenal, de acordo com avaliação de risco adoptada”. Entretanto, amanhã mesmo, 12 de Março, os ministros da Economia, Trabalho, Cultura e Educação, vão apresentar medidas de apoio às empresas, incluindo o sector cultural.
Recorde-se que a retoma dos espectáculos ao vivo tem vindo a ser discutida por um grupo de trabalho que começou a reunir-se por teleconferência nocobid dia 13 de Janeiro e, segundo informações recolhidas pelo Observador, o plano passa por encontrar o melhor modelo para a realização do que agora começa a ser conhecido como “festivais-bolha” livres da Covid-19. O modelo defendido há várias semanas pelos empresários do sector provavelmente será ensaiado já em Abril, sob a forma de vários “eventos-piloto” a realizar em Lisboa e no Porto, sendo que, se tudo correr bem, e se o Governo e as autoridades de saúde derem luz verde, os festivais de verão podem mesmo acontecer. Os “eventos-piloto” baseiam-se no que já aconteceu durante o ano passado em Barcelona, com espectáculos realizados em ambiente controlado, onde todos os participantes foram testados à entrada. O comportamento do publico vai depois permitir às autoridades de saúde avaliarem se os recintos são seguros e se, no seu interior, podem ser levantadas as regras de distanciamento físico.
Apesar de ainda não ser certo se os testes aos espectadores serão feitos no local ou se, como nas viagens de avião, só serão aceites testes PCR, quais salas que vão receber os espectáculos, nem quando vão acontecer, estes eventos vão finalmente permitir aos promotores de festivais perceberem que logística e lotação poderão adoptar em espetáculos de grande dimensão, ou seja, os festivais propriamente ditos — entendidos como “festivais-bolha” por serem locais onde só entram pessoas com um resultado negativo no teste à Covid-19, independentemente de terem sido vacinadas. Quase um ano depois de termos sido privados de ver música ao vivo, surge agora finalmente uma luz ao fundo do túnel.