Os franceses GOJIRA já lançaram finalmente o seu muito aguardado sétimo álbum de estúdio, «Fortitude», através da Roadrunner Records. Neste novo registo, que podes ouvir na íntegra em baixo, o talentoso grupo liderado pelos irmãos Duplantier continua a abraçar a melodia sem abandonar toda a complexidade, o peso e as atmosferas cinematográficas pelas quais são conhecidos. Em termos de composição, os temas revelam-se mais afiados e concisos que em «Magma», de 2016, trazendo a voz e os ganchos melódicos para o primeiro plano. Nos quatro anos que antecederam o lançamento deste novo longa-duração, que foi gravado e produzido pelo vocalista Joe Duplantier no Silver Cord Studio e misturado por Andy Wallace, os fãs agarraram-se a tudo o que puderam para saberem um pouco mais sobre o próximo projecto do colectivo, que optou por tomar o seu tempo a afinar as canções em estúdio, revelando pouco além de um comentário ocasional dos irmãos sobre o processo gradual de gravação.
A primeira amostra para o novo disco acabou por chegar com «Another World», disponibilizado em 2020, tema que foi lançado como single autónomo ainda antes de «Fortitude» ter sido anunciado. Esse foi, como sabemos agora, apenas o primeiro de uma série de singles que a banda foi libertando em antecipação à data oficial de edição, todos com conteúdo lírico sobre questões políticas, sociais e ambientais. Sempre francos, em «Fortitude» os GOJIRA trazem novamente para a ribalta a consciência sócio política que sempre os caracterizou e até lançaram sua própria iniciativa de arrecadação de fundos para ajudar os povos indígenas do Brasil, através da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Coincidindo com o lançamento do single «Amazonia», os músicos deram o pontapé de saída para um leilão de caridade com itens raros doados por celebridades do metal e pela própria banda.
Numa entrevista recente à revista britânica Kerrang!, Joe Duplantier falou sobre a ideia por trás do poderoso título de um álbum que, verdade seja dita, vai ser editado numa altura em que o mundo parece estar a desabar ao nosso redor. “Fortitude é o que temos de mostrar”, diz Joe. “É o que precisamos abraçar. É o que precisamos para estar num mundo onde tudo é incerto — até mesmo no futuro próximo. Desde o início desta banda, promovemos a compaixão contra a competição e o amor contra o ódio. O objectivo do «Fortitude» é inspirar as pessoas a serem a melhor versão de si mesmas e a serem fortes de qualquer forma.“ Ao longo da conversa, que pode ser lida na íntegra aqui, o músico admite ainda que começou a ficar “pessimista em relação ao futuro da humanidade há alguns anos“. “Embora haja um despertar e muitas pessoas estejam a tentar melhorar-se a si mesmas, sinto que estamos a retroceder“, continua Joe, que tem raízes em Évora. “Quando vês o [agora ex-] presidente norte-americano na televisão a dizer que não sabe se o aquecimento global é real, quando falas com um amigo que dá aulas num liceu e ele te diz que alguns dos seus alunos não têm certeza se o Hitler era um personagem de um filme ou alguém que realmente existiu… Isso são coisas que podem parecer incrivelmente desanimadoras. Estou um pouco esgotado, um pouco cansado.