Em declarações exclusivas à LOUD!, o líder e mentor dos GOJIRA fala sobre as raízes e a sua forte ligação a Portugal.
Seria algo descuidado, até ignorante, sugerir que os GOJIRA — uma das bandas mais faladas e veneradas do metal moderno — não estavam já no topo da lista de potenciais pesos pesados destinados à primeira divisão do género. No entanto, a recente participação da banda na cerimónia de inauguração dos Jogos Olímpicos Paris 2024, promete gerar um hype tão astronomicamente elevado à volta dos músicos, que só lhes pode proporcionar uma oportunidade única de darem o passo seguinte no seu sustentado processo de crescimento.
E sim, enquanto os puristas vão olhar sempre para álbuns como «From Mars To Sirius» ou «The Way Of All Flesh», de 2005 e 2008, respectivamente, como as suas obras-primas, a verdade é que actualmente a banda liderada pelos irmãos Duplantier já conseguiu afinar a sua sonoridade a um ponto do equilíbrio a roçar a perfeição entre acessibilidade e peso. Resultado, com o «Magma», os GOJIRA conseguiram criar um disco diferente de qualquer um dos que tivessem gravado até então e abriram-se, não apenas a uma audiência maior, mas também a uma nova era sónica, que só se tornou realidade em «Fortitude».
Misturando as suas raízes 100% underground com um apelo que, com a passagem dos anos, roça cada vez mais de perto o mainstream, liderados pelos irmãos Duplantier, Joe na voz e guitarra, Mario na bateria, os GOJIRA afirmam-se hoje — sem margem para dúvidas — como uma das propostas mais universalmente adoradas e aplaudidas de que há memória no espectro do som pesado durante a última década.
Uma coisa que muitas pessoas não sabem é que há uma ligação muito forte dos GOJIRA a Portugal e, sempre que tocam por cá, os músicos são recebidos como heróis. “Eu adoro Portugal!!!”, disse-nos um Joe Duplantier muito entusiasmado quando a banda lançou «Fortitude». “Portugal é como uma segunda casa para mim… Ou melhor, é como uma terceira casa, porque a minha mulher é da Lituânia e, por esta altura, já nem sei bem quantas casas espirituais tenho.”
“A família do lado da minha mãe é toda dos Açores”, continuou a explicar o músico. “Metade do meu ADN é português. A minha avó mudou-se para Évora depois do meu avô ter falecido – eles tinham emigrado para os Estados Unidos quando eram novos e a minha mãe e os meus tios nasceram lá, por isso tenho dupla nacionalidade, francesa e norte-americana.
No entanto, quando éramos crianças, eu e o meu irmão íamos sempre de França para Portugal pelo menos duas vezes por ano. Passava todos os Verões em Portugal quando era mais novo, e tenho muita pena de nunca ter aprendido português, porque agora falo com indígenas da Amazónia e todos falam português. Eu, para ser muito sincero, só consigo dizer ‘Olá!’… De resto, não consigo juntar duas palavras de português”, concluiu o Duplantier mais velho entre risos.