A julgar pela estreia em Manchester, os concertos da nova digressão dos GHOST prometem uma experiência bem intensa, envolvente e puramente musical — sem filtros nem ecrãs.
Os suecos GHOST iniciaram oficialmente a tão aguardada digressão mundial Skeletour ontem, dia 15 de Abril, com um espectáculo esgotado na AO Arena, em Manchester, perante cerca de 23 mil fãs. Naquela que foi a primeira oportunidade de ouvir ao vivo várias faixas do novo álbum «Skeletá», a banda sueca não desiludiu, oferecendo um alinhamento que equilibrou novidades, clássicos e raridades inesperadas.
A abrir a noite esteve «Peacefield», faixa de aberura do novo disco, seguida do actual single «Lachryma», o recentemente lançado «Satanized» e «Umbra», todos recebidos com entusiasmo pelos fãs que, apesar de não poderem filmar ou fotografar o concerto, participaram intensamente com cânticos em uníssono, palmas e coros. O concerto contou ainda com a estreia ao vivo de «The Future Is A Foreign Land», uma das últimas composições de Tobias Forge, escrita em 2024, e de «Darkness At The Heart Of My Love», retirada do aclamado «Impera», de 2022, mas até agora ausente dos palcos.
Entre os momentos de nostalgia, destacou-se o regresso de «Majesty», ausente dos alinhamentos desde 2019, e de «Monstrance Clock», que também não era tocada desde a digressão norte-americana A Few Shows Named Death, no mesmo ano. Estas surpresas foram recebidas com euforia pelos presentes, num concerto que demonstrou a intenção dos GHOST em celebrar todas as fases da sua carreira.
Contudo, um dos aspetos mais falados da digressão tem sido a decisão da banda de implementar uma política phone-free. Tal como nas datas de aquecimento anteriores, todos os espectadores viram os seus telemóveis guardados em bolsas Yondr, mantendo-os consigo, mas inacessíveis durante o concerto. Esta ideia é simples: devolver o foco ao espectáculo em si, sem distracções.
Numa entrevista recente à Planet Rock, Tobias Forge enfatizou que a medida não está relacionada com questões relacionadas com direitos de autor ou qualquer controlo de material audiovisual. “Quero sublinhar que esta proibição não tem nada a ver com, digamos, controlo de direitos de autor. Não se trata de querermos reter todo o material e não permitir que ninguém o monetize; não tem nada a ver com isso“, começou por afirmar o músico sueco.
A decisão surge na sequência da experiência da banda durante as filmagens do filme-concerto Rite Here Rite Now, gravado ao longo de dois espectáculos em Setembro de 2023 no Kia Forum, em Los Angeles. “O filme transmitiu exactamente essa mensagem”, disse o timoneiro dos GHOST. “Filmámos dois concertos com uma plateia que teve de colocar os seus telemóveis nas bolsas. Não os entregam, continuam a tê-los com eles, e sem preocupações. Se precisarem de ligar para alguém, podem sair e usar o telefone. Se quiserem tirar uma foto, podem fazê-lo no lobby. No entanto, tivemos uma plateia tão envolvida, tão entusiasmada, que foi preciso recuar muitos anos para me lembrar da última vez que vi um público completamente focado no espectáculo“.
O músico de 44 anos rejeitou a ideia de que esta decisão seja uma crítica à geração mais jovem, mas realçou que a experiência dos concertos no passado era muito mais intensa e memorável. “Não quero transformar isto numa questão geracional e dizer aos jovens de 14 anos que tudo era melhor antigamente. Mas juro que a experiência dos concertos e a criação de memórias, a criação da magia, era muito mais poderosa. Alguns dos melhores concertos a que já fui, talvez nem tenha uma única foto deles, porque essas memórias vivem aqui [apontando para a cabeça]. Elas estão no meu âmago.”
O próximo concerto da Skeletour acontece hoje, quinta-feira, dia 16 de Abril, na OVO Hydro, em Glasgow, antes da banda passar por Londres e Birmingham, fechando assim a etapa britânica da digressão. A partir de 22 de abril, os GHOST cruzam o Canal da Mancha para uma série de datas na Europa continental, com passagem por Lisboa marcada para o dia 29 de Abril. Depois, dão início a uma etapa norte-americana em Julho.

