BORNOFOSIRIS

No coração de Estocolmo, o timoneiro dos GHOST, o guitarrista dos OPETH e um coro de câmara ofereceram uma leitura sinistra e reverente do hino intemporal dos QUEEN.

Num dos momentos mais arrepiantes e memoráveis da edição de 2025 dos Polar Music Prize, os QUEEN foram homenageados de forma majestosa por ninguém menos que o Sr. Tobias Forge, com o inimitável líder dos GHOST a liderar uma interpretação absolutamente singular do clássico «Bohemian Rhapsody». A cerimónia decorreu esta terça-feira, dia 27 de Maio, no luxuoso Grand Hôtel, em Estocolmo, e contou com a presença dos membros sobreviventes dos QUEEN e do seu actual vocalista, Adam Lambert, que assistiram ao tributo directamente da plateia.

No centro do palco, a figura imponente de Papa V Perpetua, actual encarnação do frontman dos GHOST, liderou uma formação especial que incluiu o guitarrista Fredrik Åkesson, dos OPETH, e o prestigiado Eric Ericsons Chamber Choir. Juntos, transformaram o tema de 1975 — um dos mais icónicos e exigentes da história do rock — numa verdadeira ópera espectral, entre o ritual e o musical, numa celebração cheia de teatralidade e reverência.

A performance, envolta em dramatismo e beleza gótica, foi, ao mesmo tempo, fiel à grandiosidade do original e ousadamente reinterpretada à maneira dos GHOST, combinando coros, guitarras densas e a teatralidade soturna que caracteriza a banda sueca. O resultado foi um momento solene e arrebatador, que arrancou aplausos entusiásticos e emocionados da plateia, reforçando o estatuto dos GHOST como mestres modernos da iconografia e linguagem do rock.

A escolha de «Bohemian Rhapsody» não foi, de resto, inocente: além de ser uma das composições mais ambiciosas da história da música popular, é também uma canção que exige respeito e coragem para ser reinterpretada — e os GHOST provaram estar à altura da tarefa. Com a bênção dos próprios QUEEN, a actuação marcou um dos pontos altos da noite e uma das homenagens mais criativas já vistas nesta cerimónia.

O momento surge numa altura crucial para os GHOST, que se preparam para iniciar a digressão norte-americana Skeletour 2025, com arranque marcado para 11 de Julho na State Farm Arena, em Atlanta, na Geórgia.

Recorde-se que, recentemente, os GHOST conquistaram um feito histórico: tornaram-se a primeira banda de hard rock a alcançar o primeiro lugar da prestigiada Billboard 200 em quatro anos, graças à edição do novo álbum «Skeletá». O disco superou nomes gigantes do panorama musical actual como SZA, Morgan Wallen, Kendrick Lamar e Bad Bunny, afirmando a popularidade transversal do grupo de Tobias Forge.

Para além do topo do ranking norte-americano, o grupo sueco registou números impressionantes em vendas físicas. Das 86 mil unidades equivalentes movimentadas na primeira semana, 89% foram resultado de vendas tradicionais — uma proporção extremamente rara actualmente. Só em vinil, venderam-se 44 mil cópias de «Skeletá», o que faz deste o disco de hard rock com a melhor semana de vendas em vinil desde que a Billboard começou a compilar estes dados, em 1991.

Este desempenho coloca o novo álbum dos GHOST como o terceiro álbum de rock com maior semana de vendas em vinil na era moderna, apenas atrás dos blink-182, com «One More Time…» (49 mil cópias em 2023), e dos boygenius, com «The Record» (45 mil cópias, também em 2023). Com este novo marco, «Skeletá» sucede a «Power Up», dos AC/DC, como o primeiro disco de hard rock a liderar a Billboard em quatro anos. No universo mais amplo do rock, o último #1 tinha sido «Moon Music», dos Coldplay, em Outubro de 2024.