Foram cinco anos. Cerca de sessenta meses em que um projecto singular cresceu, uma sociedade se organizou e uma escalada se iniciou. Hoje, rodos sabem onde essa escalada já chegou. Antes que suba ainda mais, um ponto de situação em jeito de balanço. Foi precisamente isso que os GAEREA fizeram nesta noite de sexta-feira, numa sala sem limitações, que merecia mais público, mas que se realizou num final de semana com demasiada oferta. Para a celebração, tudo foi preparado ao pormenor. A Fifth Supper, assim foi denominada a aventura, começou no corredor principal do Mercado Ferreira Borges, com exposição de pinturas, escultura e outras artes gráficas, associadas à Vortex Society. Em seguida, um concerto com os ONSIDIAN KINGDOM. A banda de Barcelona, “colega” dos músicos nacionais, chegou em formato de quarteto. A sua mistura de progressivo, post-rock e experimentalismo, resultou medianamente. Faltou a presença feminina, sendo quem a dado momento, foi até um pouco embaraçoso assistir a todos os músicos parados enquanto na trilha sonora ecoava um tapete electrónico e a voz feminina. São um projecto interessante, mas que merecia outra noite, e não esta celebração.
Alinhamento OBSIDIAN KINGDOM: «Meat Star», «Last of the Light», «Mr. Pan», «Haunts of the Underworld», «Endless Wall», «Fingers in Anguish», «Ball-Room», «Cinnamon Balls», «Womb Of Fire», «The Polyarnik», «Black Swan», «Away/Absent», «The Pump».
Os GAEREA, por seu lado, optaram por dividir o seu concerto em três actos, cada um dedicado a um dos seus lançamentos. Separados por intervalos, em cada um foram executados, por ordem, todos os temas gravados pela banda até à data. Pela raiva e preparação, o Act I foi de longe o melhor. O EP homónimo dee streia ganhou com o tempo e o grupo estava rápido e com uma energia surpreendente. Ao fundo, de cada lado, dois actores assumiam a personagem da capa do disco. Provavelmente, foi a melhor actuação do grupo na cidade do Porto, até hoje. No Act II, já nem tudo correu bem. Os actores saíram de palco, entraram alguns problemas técnicos, em particular a nível da voz, e o alinhamento ressentiu-se disso. Mesmo assim, o concerto foi bem recebido. Nas grades via-se o tipo de fãs incondicionais que apenas costumamos encontrar nos grandes nomes. Mais um sinal do crescimento da Vortex Society, pois claro. De lado, onde antes estavam os actores, estavam os backdrops com o símbolo que representa o grupo – mais familiar no tripé do vocalista, cada vez mais solto na sua manipulação, mesmo que ocasionalmente desafie a gravidade. Para o Act III, o colectivo apresentou um backdrop gigante, desta vez com a capa de «Limbo». A banda subiu novamente de nível e a festa prolongou-se. Esta foi, finalmente, a apresentação que o disco merecia, apesar de um ano antes já o terem feito na mesma sala, mas para uma audiência sentada. Uma celebração que resultou em grande, mesmo que possa parecer prematura, mas num período de tantas adversidades para a música ao vivo, plenamente justificável.
Alinhamento GAEREA: [Act I] «Santificato», «Final Call», «Pray to Your False God», «Through Time», «Void of Numbness»; [Act II] «Svn», «Absent», «Whispers», «Lifeless Immortality», «Extension to Nothingness», «Cycle of Decay», «Catharsis»; [Act III] «To Ain», «Null», « Glare», «Conspiranoia», «Urge», «Mare».