GAEREA + APOTHEUS @ Mercado Municipal, Paços de Ferreira | 23-05-21 [reportagem]

Excelente espaço, em termos visuais, que se revelou o Mercado Municipal de Paços de Ferreira. Bom final de tarde para receber uma banda local, os APOTHEUS, e outra que lhe é próxima e assume também a fome de palco, os GAEREA. Infelizmente, muitos lugares vagos, que revelaram o velho problema dos alegados fãs se deslocarem para fora dos grandes centros. A política de venda de bilhetes duplos pode também não ter ajudado, mas se o arranque se vai fazer assim, demonstra que ainda há um longo caminho para caminhar no sentido de apoiar as bandas nacionais. Boa sala, infelizmente um som que se revelou demasiado alto para o espaço. Os APOTHEUS têm um disco já com dois anos, «The Far Star», e foi nele que basearam o seu alinhamento, já que jogavam em casa. Entraram assim no alinhamento do disco conceptual, percorrendo-o desde o prelúdio inicial até chegarem a «A New Beginning».

Se calhar foi um alinhamento demasiado exaustivo para quem estava ali para ver os GAEREA, mas compreensível visto tratar-se da banda da casa. O arranque não correu bem, pois «Redshift» começou logo com problemas técnicos numa guitarra, que ainda demoraram a solucionar. Ouviu-se depois um excelente riff na malha «Resolve to Remake», num concerto em que a banda se mostrou coesa, naturalmente pouco oleada em palco, e com um som que poderá possuir alguns toques de progressivo, mas que por vezes se aproxima mais de uns KATATONIA e, outras vezes, revela pequenos toques de death melódico, em versão aligeirada. No final, foi uma prestação bem interessante, apesar de longa.

Os GAEREA, por seu lado, são uma máquina pronta a rolar, mas retida nas boxes. Sentiu-se isso claramente, da mesma forma que se percebeu continuarem a trabalhar. Há pequenas alterações subtis nos temas, que facilmente se podem descrever como post rock, mas que antes se inscrevem numa procura de salientar o pormenor e favorecer o minimal no meio do vertigo sonoro que pretendem criar. Aqui e ali também se sente que os ensaios levaram a decisões de movimentos mais sincopados entre as guitarras, em tudo favorecendo o colectivo e a sua prestação. Arrancando com «To Ain», ao terceiro tema foram até ao disco de estreia por um par de canções, e daí passaram a alternar temas de ambos os discos. Curiosamente, o final, com um toque de encore, surge com um tema forte e que fez levantar quase toda a audiência. «Void Of Numbness», ao encerrar o concerto, começa a converter-se num hino do grupo, ao mesmo tempo que fecham a viagem sonora com uma referência ao EP de estreia. Interessante como a sociedade do vazio se afirma lentamente dos dois lados do palco.

APOTHEUS
APOTHEUS
GAEREA
GAEREA
GAEREA
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