Eis a besta primitiva, filha do cruzamento entre o próprio baphomet e a humanidade ao som do «Drawing Down The Moon» do Beherit e o «Tol Cormpt Norz Norz Norz» do Impaled Nazarene.
Qual ventre seria digno desta aberração, senão o de Rosemary (sim, a do filme). Mas felizmente não foi o caso. A encarnação nasceu em 2009 bem aqui em terras brasileiras, especificamente em Teresina, Piauí, região nordeste do Brasil e chama-se Bode Preto, e não poderia ser diferente. O duo pratica um black metal realmente neanderthal, fóssil de espécimes tão primitivas quanto o próprio gênero, já na sua leva mais extrema como o Sarcófago, Sextrash, Mystifier no Brasil e as já citadas finlandesas do Beherit e Impaled Nazarene. Riffs crus, decrepitamente gelados, rudes, mal-educados, anti-moda, anti-melodia e com a atmosfera fedendo à cemitério, essa é a banda que já se tornou um dos grandes expoentes do metal extremo brasileiro aparecendo em mídias importantes inclusive com posts em veículos importantes como a Decibel Magazine e Terrorizer. Nada mal para uma banda de uma região que, poucos sabem, mas é um polo de música feia pra pessoas esquisitas há alguns anos.
Seu primeiro registro, o EP «Dark Night» (2010), já mostrou a potência dos chifres desse bode formado por Josh (Guitarras/Vocais) e Adelson (Bateria). Porém é com o «Inverted Blood» (2013), seu primeiro full-length, que a banda mostrou um verdadeiro clássico! São 9 músicas, sendo uma delas a introducão digna de um filme de terror dos 70’s, algo produzido pela Hammer Films. Logo em seguida vem o primeiro coice, a música que dá nome ao álbum, «Inverted Blood» brutaliza na levada raw pra servir de anúncio à chegada do Diabo nas pérolas à seguir. A fórmula para o som do Bode Preto? Simples: Maturidade e satanismo primário mamando do LaVey, como eram e como deveriam permanecer todas as bandas de black metal que tem um mínimo de dignidade e respeito pela história do estilo.
Uma honra termos parido este ser e hoje podermos mandá-lo de volta para a terra de nossos colonizadores.
Hail Satan.
TEXTO: Thiago Vakka