Do heavy metal mais tradicional ao death metal mais brutal, aqui estão seis músicos que inspiraram a brasileira FERNANDA LIRA a pegar no baixo.
Para todos os efeitos, as CRYPTA nasceram apenas há três anos. Fruto da era pré-pandémica, o projecto acabou por ser devidamente galvanizado durante o Verão de 2020 pela dupla Fernanda Lira (voz, baixo) e Luana Dametto (bateria), ambas ex-NERVOSA, que recrutaram as guitarristas Sonia Anubis, ex-BURNING WITCHES (entretanto substituída por Jéssica di Falchi), e Tainá Bergamaschi.
No entanto, a história do projecto vai um pouco mais atrás, a uma ideia de Fernanda para a criação de uma banda mais orientada para o death metal enquanto ainda estava nas thrashers NERVOSA. “Não, eu não vou ‘cantar MPB, tá na cara, pois já estava mto zen’, nem vou ‘fazer cover da Beyoncé’, como alguns especularam”, escrevia Fernanda na sua conta do Instagram em Maio de 2020, menos de um mês depois da separação da formação original das NERVOSA.
“Eu já tenho esse novo projeto há algum tempo, é de death metal, e é para essa banda que vai 100% do meu foco agora”, explicava então a baixista e vocalista. «Echoes Of The Soul», o culminar desta união nada sagrada, foi finalmente editado no dia 11 de Junho pela Napalm Records e afirmou-se como um álbum de death metal que transborda de personalidade feroz e musicalidade extremamente compacta, onde o baixo corpulento de Lira desempenha um papel fulcral.
Entretanto a banda fez-se à estrada pelo mundo, teve de enfrentar alguns percalços, e editou o segundo álbum, intitulado «Shades Of Sorrow», no passado dia 4 de Agosto via Napalm Records. O sucessor de «Echoes Of The Soul», que alcançou a posição #55 na tabela de vendas alemã e estreou no #15.ª no top de álbuns de música pesada nos Estados Unidos, contém treze temas novos e mostra a banda a tornar a sua sonoridade mais mais dinâmica, com resultados muito satisfatórios.
É claro que, ao longo dos últimos anos, Lira tem sido alvo de muita atenção e, ainda durante o ciclo de promoção do disco de estreia das CRYPTA, a revista Revolver aproveitou para pedir-lhe que escolhesse os seus baixistas favoritos de todos os tempos. A lista tem seis nomes e pode ser conferida em baixo.
FERNANDA LIRA | CRYPTA
SEIS HERÓIS DO BAIXO
STEVE HARRIS | IRON MAIDEN
“Este é o meu número um na lista porque foi o primeiro músico para o qual olhei quando comecei a tentar tocar baixo. Quando comecei a entrar no mundo do metal ouvia Iron Maiden. O meu pai adorava a banda e o Steve Harris, por isso tornou-se natural que essas tivessem sido as primeiras primeiras músicas que ouvi. Lembro-me que prestava atenção ao baixo e tentava copiar, por isso ele ensinou-me muitas das técnicas que uso hoje em dia, enquanto escrevo ou toco as músicas da minha banda.”
GEEZER BUTLER | BLACK SABBATH
“O Geezer é definitivamente o próximo na minha lista de baixistas para os quais tendo a olhar quando estou a tentar aprender um pouco mais sobre o baixo. As músicas dos Black Sabbath foram provavelmente algumas das primeiras que aprendi a tocar na íntegra, já que os Iron Maiden pode ser um pouco mais complicados para um iniciante. Os Black Sabbath e suas melodias cativantes tornaram tudo mais fácil para mim, por isso o Geezer foi uma enorme inspiração e foi o responsável por me ajudar a alcançar a alegria de tocar uma música completa.”
GEDDY LEE | RUSH
“Foi ele quem me mostrou o mundo das possibilidades de tocar baixo. Partes complexas e técnicas, melodias com muitas notas, que usam todas as cordas em apenas alguns compassos de música — o Geddy Lee tem tudo para me fazer querer melhorar a forma como toco. Aprendi muito a tentar tocar as músicas dos Rush. A primeira foi «The Trees» e nunca esquecerei como foi difícil e desafiadora, mas também como fiquei feliz quando finalmente consegui tocá-la na íntegra.”
STEVE DIGIORGIO | TESTAMENT (ex-DEATH, SADUS)
“Quando comecei a ouvir o lado mais extremo do metal, com o thrash e o death metal, foi o Steve DiGiorgio que me deixou completamente louca. Na altura, eu nem sabia que era possível adicionar tanta coisa em géneros assim tão barulhentos, por isso ele acabou por elevar o meu entendimento a um nível totalmente novo. Quando ouvi Sadus pela primeira vez, e depois «Individual Thought Patterns» dos Death, a minha mente explodiu. Não consigo fazer sequer 5% do que ele faz, mas continua a ser incrivelmente inspirador para mim, não só em termos de habilidade, mas também criativamente. Está entre os melhores baixistas de sempre, sem sombra de dúvida.”
CRONOS | VENOM
“Tinha cerca de 14 anos quando comecei a procurar mais e mais bandas, e foi nessa altura que vi aquele vídeo já clássico dos Venom ao vivo no Hammersmith Odeon em 1985. O meu pai estava sempre a ouvir a «Black Metal», por isso eu já conhecia os Venom, mas nunca tinha visto uma banda ao vivo assim e, naquele momento, decidi que queria ser aquele tipo em palco um dia . Sou uma grande fã de boa presença e performance no palco, e o Cronos hipnotizou-me. Costumo ouvir dizer que algumas das caras que faço ao vivo lembram as pessoas do Cronos, e isso é verdade! Ainda hoje me inspiro nesses velhos vídeos ao vivo dos Venom. O Cronos sabe realmente como dominar o palco e chamar a atenção do público instantaneamente.”
ALEX WEBSTER | CANNIBAL CORPSE
“Tem sido a minha influência e inspiração actual há um tempo. Sempre gostei de tons de baixo mais nítidos e agudos, e o Alex ajudou-me a encontrar o tom de que realmente gosto. A minha preferência está muito próxima do que ele tem usado nos Cannibal Corpse, por isso (sem querer) ajudou-me a conseguir o som de baixo perfeito nos últimos álbuns que gravei. O que costumo fazer é simplesmente enviar alguns trechos de temas dos Cannibal Corpse, em que o baixo é mais proeminente, para o produtor ou para quem está a fazer a mistura — isso permite-nos chegar instantaneamente a algo muito próximo do que quero. Além de ser uma pessoa fantástica e um músico incrivelmente criativo, também tem um gosto muito inspirador em termos de sons de baixo.”