A escassas horas do concerto em Lisboa, regressa uma velha questão: quem chegou primeiro — os EXHORDER ou os PANTERA?
Se há tópico capaz de incendiar de imediato uma caixa de comentários, é este: será que os EXHORDER influenciaram os PANTERA? E se sim, por que razão uns encheram estádios enquanto os outros se viram forçados a reinventar-se fora dos holofotes? A pergunta não é nova — e para muitos, a resposta é óbvia. Com a edição de «Slaughter In The Vatican», em 1990, os EXHORDER apresentaram ao underground um som feroz, cheiro de groove, com linhas vocais raivosas e riffs que, em retrospectiva, parecem ter mesmo apontado o caminho que os PANTERA iriam seguir no clássico «Cowboys From Hell», editado apenas no ano seguinte.
No entanto, enquanto os texanos se tornaram ícones globais do metal contemporâneo, os EXHORDER continuaram a sua trajectória de forma algo irregular, com o reconhecimento a vir sobretudo de músicos e fãs atentos à história da música extrema. Bandas como Lamb of God, Machine Head ou até os próprios Slipknot já citaram os EXHORDER como uma das grandes influências invisíveis do groove metal.
Kyle Thomas, por seu lado, evita alimentar o conflito. Mas não nega o pioneirismo. “Nunca fizemos só thrash. Esta banda nasceu da paixão por duas sonoridades bem distintas, o heavy metal e o punk — e sendo de New Orleans, era inevitável que o jazz, o funk e até o soul entrassem no nosso ADN”, explicou a voz dos EXHORDER à LOUD!. Esse ecletismo, que na altura talvez tenha dificultado a adesão das massas, hoje já é reconhecido como um dos grande trunfos da banda. “Sempre houve algo no nosso som que não encaixava perfeitamente em nenhuma gaveta. Mas isso também nos tornou únicos”, refere Thomas.
Ainda assim, o sabor da injustiça histórica é difícil de ignorar. “Durante muitos anos, sempre que estava em digressão com outras bandas, havia quem viesse ter comigo para falar dos Exhorder”, diz Kyle. “Muita gente sentia que a banda tinha desaparecido cedo demais.” Com o regresso aos palcos e aos discos, essa dívida parece estar finalmente a ser paga. A edição de «Mourn The Southern Skies» — e, mais recentemente, de «Defectum Omnium» —, o regresso aos palcos internacionais e a actuação arrebatadora no festival SWR Barroselas de 2019 deixaram claro que os EXHORDER não vivem apenas do legado. Vivem também da urgência presente.
E é esse presente que trazem agora ao RCA Club, em Lisboa. Hoje, sexta-feira, 11 de Abril, o público luso vai ter oportunidade de testemunhar um pedaço da história do metal — mas, acima de tudo, uma banda que se recusa a ser apenas uma nota de rodapé. Foram pioneiros, esquecidos, quase destruídos… Mas os EXHORDER voltaram — e estão prontos para mostrar por que razão nunca deviam ter sido ignorados. Os bilhetes para o concerto em Lisboa custam €23 e estão disponíveis através da Unkind.pt.
