Dúvidas restassem, mais de três décadas depois, o «Left Hand Path» continua a revelar-se uma conquista monumental; não só para os ENTOMBED, mas também para o death metal em geral.
Não deixa de ser curioso que, mesmo tantas décadas depois, continuemos a voltar repetidamente a certos temas, álbuns, e sons; pura e simplesmente, porque nos são familiares. Talvez porque já os conhecemos muito bem e porque continuam a falar connosco, porque são seguros e nunca nos decepcionariam, porque são nossos, eternamente.
Entre esses pequenos prazeres familiares, mas sempre garantidos, está a distorção do Boss HM-2, um clássico de culto e um daqueles pedais de distorção mais importantes da história da música extrema. Com o original já fora de produção há muito tempo, hoje em dia é um daqueles pedais que nunca saiu de moda. Aquela configuração, com todos os botões no máximo, tudo no vermelho, pode não estar no manual do usuário original, mas foi assim que o HM-2 ajudou a criar o som do death metal sueco em títulos seminais como o «Dark Recollections», dos CARNAGE, o «Like An Everflowing Stream», dos DISMEMBER, e, claro, o «Left Hand Path», dos ENTOMBED.
Originalmente editado a 4 de Junho de 1990 pela independente britânica Earache Records, o álbum de estreia dos ENTOMBED, um quarteto então formado por Lars-Göran Petrov na voz, Uffe Cederlund na guitarra/baixo, Alex Hellid na guitarra e Nicke Andersson na bateria/baixo foi lançado há exactamente 34 anos.
O disco, o primeiro depois do projecto ter mudado de designação de NIHILIST para ENTOMBED, foi gravado durante o mês de Dezembro de 1989 nos lendários Sunlight Studios, em Estocolmo, na Suécia, com o produtor Tomas Skogsberg sentado atrás da consola e deu o tiro de partida para uma sonoridade de guitarras, abrasiva, cortante e crua, que ainda hoje continua a ser sobejamente usada nos mais diversos quadrantes da música extrema.
Injectando uma atitude mais punk, patente em alguns d-beats, no death metal proveniente do outro lado do Atlântico, os quatro adolescentes suecos definiram as regras do que, a partir dali, passaria a ser conhecido como “death sueco”.
Dúvidas restassem, mais de três décadas depois, o álbum continua a soar como uma inabalável parede de som, com Lars-Göran Petrov a rosnar como um animal enjaulado e moribundo, a dupla formada por Cederlund e Hellid a assinar um severo ataque de guitarras e Nicke Anderson a assegurar um swing rítmico que os destacaria para sempre de toda a competição. No final, o «Left Hand Path» revela-se uma conquista monumental, não apenas para os ENTOMBED, mas também para o death metal em geral.