EMPEROR

EMPEROR: «In The Nightside Eclipse», o colosso do black metal sinfónico

Lançado oficialmente a 21 de Fevereiro de 1994, o álbum de estreia dos EMPEROR mostrou-os a captarem a essência do black metal e, ao mesmo tempo, a reescreverem completamente o livro de estilo do género.

Quando as atenções se concentraram pela primeira vez na violenta cena do black metal norueguês em meados dos anos 90, os MAYHEM foram apelidados como padrinhos do movimento, mas a maioria dos elogios da crítica foram concedidos aos EMPEROR, cujas inovações tiveram mais impacto no género do que qualquer outra banda de tendências sinfónicas. Por essa altura, o norsk black metal estava repleto de sentimentos anticristãos, mas os EMPEROR encontraram novas formas de expressá-los na sua música.

Embora furioso e violento, o som do grupo foi influenciado pelas melodias sombrias e majestosas do folk norueguês e também da música clássica, que apoiavam de uma forma muitíssimo o eficaz os seus temas líricos (mesmo que estes fossem frequentemente ininteligíveis). Resultado: os EMPEROR evocaram não apenas o horror satânico, mas também a solidão frígida dos invernos sombrios da Escandinávia e muitas imagens de adoração pagã da natureza, que recordavam um passado pré-cristão antigo e idealizado.

No entanto, mesmo com a música dos EMPEROR a ganhar aclamação mundial na comunidade do heavy metal, a banda viu-se a braços com dificuldades legais e mudanças na formação quando vários membros se envolveram no activismo anticristão e na violência geral que caracterizaram o underground norueguês daquela época.

A formação original, que incluía o vocalista/guitarrista/teclista Ihsahn, o baixista Mortiis (creditado com o interesse inicial da banda pela folk norueguesa) e o baterista Samoth, gravou a demo, intitulada «Wrath Of The Tyrant», no final de 1992, e logo adicionou o baterista Faust, com Samoth a mudar para a posição de guitarrista. O quarteto gravou então um split com os Enslaved, após o qual Mortiis decidiu abandonar o grupo para seguir uma carreira solo e foi já com Tchort no baixo que deram início às gravações de um muito aguardado álbum de estreia.

Originalmente editado no dia 21 de Fevereiro de 1994 pela Candlelight Records, o álbum de estreia dos EMPEROR, indubitavelmente uma das mais lendárias bandas norueguesas de black metal, foi lançado há precisamente 30 anos. O sucessor do também muito influente EP «Emperor», lançado apenas um ano antes, foi produzido, durante o mês de Julho de 1993, pela própria banda em parceria com o muito reputado Pytten — que gravou quase todos os discos lendários da tendência norueguesa — nos estúdios Grieghallen, em Bergen.

Lançado apenas alguns meses depois do julgamento de Varg Vikernes, o disco encontraria em breve três dos seus quatro autores presos, mas demonstrou de maneira retumbante que havia bastante substância e ambição musical real no mundo do black metal. Na verdade, a visão épica de Ihsahn e companhia não combinavam com a mentalidade “anti-música” do resto da cena, mas os músicos captaram a essência do género e, ao mesmo tempo, reescreveram completamente o seu livro de estilo.

Todas as marcas básicas do black metal estão aqui — os blastbeats furiosos, as descargas de tremolo, as vocalizações reptilianas –, mas combinadas com teclados atmosféricos e uma grandiosidade sinfónica que nunca se tinha ouvido até então. No final, o «In The Nightside Eclipse» é um disco de música extrema, mas expressiva, destinada a evocar não apenas escuridão e morte, mas também o frio de um inverno norueguês e da paisagem dura e implacável retractada na sua capa.