A formação é de 2016. 7 Peles e Lady Noir, ambos nas guitarras e vozes. «Ribeiro Escuro» emerge em 2018, em formato EP, com direito a reedição no ano seguinte. Uma característica define o projecto, é formado por pai e filha. Depois desse registo de estreia, “avançar para o álbum foi algo que surgiu naturalmente”, refere o mentor do projecto. “A Lady gostou muito das reações e interacções que obtivemos com esse trabalho, no imediato gravamos aquilo que viria a ser a primeira música, «Anjo Mórbido», no entanto, derivado a vários fatores, fomos forçados a fazer uma pausa”. Durante essa pausa, surge outro dos projectos de 7 Peles, eventualmente o mais profissional e que mais reconhecimento lhe deu, CÃES DE GUERRA. Editado em 2019, com selo Firecum Records, o disco de estreia dessa aventura carrega um som impregnado de speed/thrash, com veia black. Novamente um duo, mas desta feita contando com a ajuda de Furcas, que se encarregou de baixo e programação de bateria. Antecedido pelo EP «Forjados No Aço», de 2019, o álbum – intitulado «Cabras, Cães & Leite de Bode» – teve edição em 2020 e ficou em muitas listas dos melhores desse ano.

Seria também por essa altura que surgia a terceira ponta do triângulo infernal, VIL GARROTE. O projecto a solo de 7 Peles, ou melhor, LordSir7Peles, surgiu em 2021 com «Torturas Macabras» em formato cassete, recebendo edição em CD com selo da nova Selvajaria Records e duas faixas novas. “Com o contrato celebrado, e selado a sangue, com a Selvajaria Records para uma edição em CD da demo de Vil Garrote, ficou acordado que gravaria uma nova música bónus para oferecer a quem tivesse interesse em adquirir o CD. Para o efeito gravei a «Tempos de Chacina»”, explica 7 Peles. “A «Error 666» já tinha sido gravada na altura da demo mas, na minha opinião, não se enquadrava com as restantes, por isso ficou excluída na altura. No entanto, ao enviar os ficheiros à editora, por lapso enviei essa também e o Hugo Rebelo ouviu e gostou tanto que a quis incluir na versão final, daí o nome «Error 666»”. Pelo meio, regressam os PORTAL DO INFERNO. “A determinada altura ainda gravámos a «Eutanásia», mas só depois do lançamento de Cães e Vil é que nos conseguimos focar definitivamente na gravação do álbum no seu todo e finalizar tudo”, revela o músico. “Quero acrescentar que ter o privilégio de fazer isto com a minha filha é o meu maior orgulho e atingir aquilo que já atingimos é algo que há quatro anos nunca me passaria pela cabeça, ainda mais porque não tocamos ao vivo. Podia até não vender um único disco, mas só ter feito obra juntamente com ela é algo inexplicável que me deixa completamente realizado”, acrescenta.

7 Peles e Lady Noir são, segundo as palavras do próprio, “uma dupla dura de roer, ambos temos personalidades muito fortes e sabemos bem aquilo que queremos, mas principalmente nas partes cantadas pela Lady Noir não tenho voto na matéria ou é como ela quer ou então não é. Embora seja eu a escrever as letras, ela surge com montes de ideias e, se não as incluo, fico sem vocalista – é simples assim. Quanto às guitarras, como ambos somos aprendizes, não discutimos tanto e normalmente estamos de acordo, desde que nos soe bem a ambos e faça sentido, está tudo certo”. Quem estiver afastado do grupo, pode agora surpreender-se, pois “no início das gravações para «Ribeiro Escuro» a Lady Noir tinha apenas nove anos; inicialmente não tínhamos nada definido, a ideia inicial era apenas gravar umas músicas para nosso prazer e para partilhar com alguns amigos, mas com o decorrer do tempo e desenvolvimento das gravações, bem como com o incentivo de amigos a coisa foi-se construindo e, no final, terminámos com a demo em mãos da qual fiz uma edição em CD-R limitada 50 cópias. Como essa edição esgotou em apenas três dias decidi fazer uma edição de autor, mas desta feita em CD profissional e, para que não fosse exactamente a mesma coisa que a demo, decidimos gravar mais duas músicas bónus para dar algo mais a quem comprasse o CD”. Pode dizer-se que, da ideia original até ao produto final, foi tudo um negócio de família.

Na realidade, o duo recebe alguma ajuda externa, uma vez que “as guitarras e vozes são gravadas por nós, a bateria é programada pelo Carlos Pires e é ele que grava o baixo, sendo que também gravou a guitarra portuguesa e alguns teclados e ambientes. Todo o trabalho de mistura e produção é também feito por ele no seu Espaço Comcordas, escola de música, onde recebemos aulas de guitarra”. O disco oscila entre a voz mais cavernosa do pai, e a melodia da filha. Percebe-se claramente a bateria programada, mesmo alguns arranjos de teclados, mas nas guitarras e no minimalismo há uma clara influência de correntes do black mais cru. Na produção, os instrumentos e as vozes acabam por ficar no mesmo plano, perdendo aquele efeito mais trve conferido a algum black mais primitivo. «Um Caminho Sem Retorno», o álbum de estreia dos PORTAL DO INFERNO,acabaria por ser lançado também pela Selvajaria Records, no início do Verão. “Conheci o Hugo Rebelo, Monsenhor da Selvajaria Records, há relativamente pouco tempo nas redes sociais”, narra LordSir, “Adquiriu um exemplar da cassete de Vil Garrote e fomos mantendo o contacto, mas longe de pensar que ele tinha qualquer intenção de criar uma editora e escolher precisamente um dos meus projectos, Vil Garrote, para ser o ser primeiro lançamento. No seguimento, e como estava a terminar as gravações do novo de Portal do Inferno, logicamente que lhe falei nisso e mostrei o que tinha em mãos. Aparentemente, o que lhe apresentei foi do seu agrado e fez-me uma proposta para o lançamento do álbum, que aceitei de imediato”.

Apesar do sucesso que o projecto tem beneficiado, o músico revela que “está fora de questão ser apresentado ao vivo”, explicando que “conciliar a minha vida profissional e familiar, com a escola da Lady e actividades extracurriculares, não nos resta tempo para ensaiar os temas. No entanto, não ponho de parte a hipótese de, um dia, o vir a fazer, com Vil Garrote ou Cães de Guerra, tenho bons amigos que já se disponibilizaram a tocar ao vivo, caso eu assim pretenda, principalmente com Cães de Guerra”. Devassada a história de PORTAL DO INFERNO, claro que é incontornável não falar dos CÃES DE GUERRA que, de acordo com LordSir, “estão raivosos e recomendam-se, espero que ainda este ano haja algum tipo de novidade se tudo correr conforme o previsto. Estamos a trabalhar em música nova”. O músico refere ainda que existem “apenas duas músicas em fase embrionária, mas a ideia passa por gravar um EP e incluir as três músicas que saíram no 7 polegadas «Forjados No Aço», que só se encontram disponíveis nesse formato”. Além disso LordSir refere nunca estar parado e diz que “ideias novas estão sempre a surgir, portanto se os ventos forem favoráveis não se vão ver livres do LordSir7Peles e dos seus projectos tão cedo”.