Para trás ficam dois registos em edição de autor: «Delusional Mind» e «Mirror», de 2012 e 2020, respectivamente. Agora chega «Persephone», através do selo Ethereal Sound Works. Actualmente, a banda é constituída por Ana Isola navoz, Luís Oliveira nas guitarras, João Carneiro no baixo e Ricardo Carvalho na bateria. Além destes músicos, o trabalho de sete temas conta ainda com a colaboração de Paulo Oliveira nos teclados, Iris Gonçalves no violoncelo e Tiago Quelhas, dos LYZZARD, na voz, num dos temas do alinhamento. Produzido pela banda com Bruno Silva, o disco tem mistura e masterização de Alex Krull, conhecido por cá pelo seu trabalho com bandas como os Atrocity, Leave’s Eyes ou Heavenwood. A capa ficou a cargo de Augusto Peixoto. O primeiro tema de avanço para o disco chama-se «Reign». “Ouvindo todo o álbum acabou por ser uma fácil decisão, por esta ser uma música impactante, directa e com melodia e refrão enérgicos e que, pensamos nós, ficará mais facilmente no ouvido”, refere o baterista a propósito da escolha para primeiro single. O título do disco, «Persephone», “tem tudo a ver com o conceito que tínhamos planeado para o álbum”, afirma Ricardo Carvalho. “Queríamos um nome de uma entidade feminina que, de alguma forma, fosse associada a trevas” e como “as letras do álbum têm alguns nomes de origem na mitologia Grega, quem melhor que a mulher do HADES?”.
O trabalho é naturalmente conceptual, tratando “a história de uma entidade maléfica que esteve séculos adormecida e que foi, de alguma forma, acordada e pretende destruir a humanidade e conquistar o planeta. Acaba por representar, no sentido figurado e através de fantasia, o sentimento, as incertezas e sensações sentidas durante a pandemia”. A pandemia, deserto no caminho para os palcos de uns, oásis criativo para outros. Com um trabalho cá fora, «Mirror», e sem o poderem rodar ao vivo, foi necessário encontrar forças e motivação para prosseguirem. “Tivemos essencialmente dois fortes factores”, explica o músico. “Primeiro que tudo, tempo de pandemia… Não podíamos arranjar concertos em lado nenhum, então não tínhamos outro “remédio” senão compor temas novos”. O segundo factor passou pela “entrada de sangue novo”, neste caso, para lá do próprio músico, da nova vocalista. “Estávamos cheios de vontade de criar novas músicas, juntando isso à mente irrequieta do guitarrista, deu um novo álbum”, explica. É após «Mirror» que se encontram, assim, como verdadeiro elemento criativo. “Serviu de certa forma para arrumar a casa em termos de composições. Só a primeira faixa «The Curse» foi composta com a Silvia. As restantes eram músicas que existiam, e que tocámos ao vivo, mas que não estavam editadas”. Cada disco tem tido a sua vocalista, note-se- “No primeiro foi a Filipa, que, após alguns anos, por razões profissionais, deu lugar à Silvia, que gravou o «Mirror». Quando começamos a compor para o «Persephone», a Sílvia decidiu sair dando lugar à Ana”. Diga-se que Ana Isola dá bem conta do recado, e basta escutar «Odyssey», tema longo de quase quinze minutos, para sentir isso.
As colaborações também conferem um colorido e consistência interessantes ao disco. Desde logo, o uso do violoncelo, que reforça certos temas. “A Íris é uma amiga do João. No momento de composição das orquestras da «Odyssey», sentimos necessidade que a música tivesse um violoncelo real, então a Iris foi a escolha óbvia”. Ricardo admite que o grupo já pensara “num violoncelo real na «Odyssey» aquando da sua composição”, enquanto “o Paulo Oliveira, foi teclista da formação inicial” e “estava praticamente combinado que seria ele a gravar e fazer os arranjos nos pianos e Hammond”. Do último disco para este, “o Paulo Silva saiu da família Living Tales nos primórdios da composição do «Persephone»”, revela Ricardo. “Foi uma decisão de parte a parte, e como não conseguíamos substituto, decidimos compor nós mesmos as orquestrações, através do Luís Oliveira”. O disco teve um tratamento final com Alex Krull, que procedeu à masterização no Mastersound Studio, em Estugarda, na Alemanha. O conhecido produtor trabalhou com imensos nomes como Anvil, Obscura e os nacionais Heavenwood, entre muitos outros. “No final das gravações, juntamente com o Bruno Silva, começámos a procurar alguém para misturar e masterizar. Pedimos alguns orçamentos de produtores de álbuns de que gostávamos. O Bruno já conhecia o trabalho do Krull e aconselhou-o. Agora, ouvindo o resultado, fizemos a escolha acertada”. O resultado final é um trabalho melódico, bem interessante e acima da média nacional, que se pode descobrir logo em «Reign», faixa tornada single, ou mesmo pela escuta do trabalho completo.