Os HÓRUS apareceram publicamente com um primeiro vídeo-clip a propósito do tema «Okami Kari». Seguiu-se «Sold The Truth», lançado para assinalar a edição do álbum de estreia «Broken Bounds», com selo Amazing Records, já neste mês de Abril. “Escolhemos esse tema porque achamos que é dos mais fortes”, defende o fundador do quinteto, Tiago Espadinha, relativamente a «Sold The Truth». “A letra fala sobre uma fase conturbada do nosso vocalista, em que teve de bater no fundo para conseguir dar a volta por cima, para além da componente instrumental que conta com teclados e orquestrações que dão muita força ao tema”. A música do grupo aparenta muita força. Groove metal, com melodia que percorre um som dinâmico, veia hardcore/metalcore, e vertente metal, como patente no arranque de «Broken Mirror», que se afirma como uma perfeita mistura de metal e core. Este é um dos temas com vozes femininas, tal como o mais recente single. No caso deste, “as vozes femininas foram mais uma ideia do Caesar Craveiro, para dar um efeito e ambiente diferente ao refrão, que tinha aquele ritmo mais lento e pesado que os versos ou a introdução”, explica Tiago, referindo ainda que “a parte final é a magia e criatividade do Diogo a solar na guitarra”.
O nome HÓRUS vem da mitologia egípcia, sendo este o Deus da vida, e este projecto passa por dar vida às ideias e criatividade musical dos seus integrantes. A banda cresceu, em Agosto de 2020, à volta de Espadinha. Junto com outros músicos, criou então um grupo com um som moderno, dentro do metal e que “abrange uma fusão de vários estilos, tais como groove, metalcore, thrash, death core, nu metal e hardcore”. O trabalho de escrita e gravação foi muito rápido e, segundo Tiago, “a ideia de fundar a banda surge imediatamente a seguir à minha saída dos Revenge Of The Fallen no início de 2020. Entre o processo de procurar membros e compor as primeiras linhas do disco até foi relativamente rápido, mas os constantes confinamentos atrasaram o processo. Assim que foi possível marcar ensaios com regularidade as ideias foram aparecendo e compusemos o disco relativamente rápido, em cerca de seis meses”.
«The Path» é um dos melhores temas do álbum, beneficiando de uma voz feminina e orquestração à medida, evoluindo de um metal melódico, para algo mais intenso, com ritmo pesado, mesmo que teclas e orquestrações estejam sempre presentes. “O Diogo tem muita influência de prog metal, tem mesmo um projecto do género, Twin Seed, e passou pelos Monolith Moon”, explica o guitarrista, e talvez isso justifique a génese de um tema como este. Tiago reuniu quatro nomes à sua volta, Martim Pinto, na voz, Luis Silva, no baixo, Diogo Ferreira, na guitarra, e Duarte Cera, na bateria. Músicos com “backgrounds um pouco diferentes, o que torna o processo de criação bastante interessante”, explica o músico. Tiago Espadinha assume as suas influências “do nu metal dos anos 2000, do metalcore e de algum metal clássico”, tendo integrado os SICKSOULS, bem como os REVENGE OF THE FALLEN. “O Luís trás muito do thrash e hardcore e é membro de All Against e já passou pelos Stonerust”, explica Tiago, enquanto o baterista “era um velho conhecido do início dos anos 2000, tendo tocado nos ROTF comigo no início do projeto em 2017 e, para além de fazer parte dos Invoke, já passou por bandas como Lost e trás muita influência de death metal melódico ou black metal”. A formação completa-se com o vocalista Martim, que “tem aqui a sua primeira experiência e vai ser uma agradável surpresa, trazendo vocalizações muito viradas para o deathcore e metalcore”.
O projecto confluiu neste primeiro disco, no qual se misturam estilos e influências, seja através de abordagens mais rápidas e directas, como «Okami Kari», seja na mais delicada «The Path», que conta com Eduarda Soeiro como convidada. “Temos uma amizade já algum tempo, e achei que poderia acrescentar bastante ao disco combinando a sua voz melódica com a voz agressiva do Martim”, revela Tiago. Os temas são “muito sobre experiências pessoais do nosso vocalista. O nome do disco é virado nesse sentido, no quebrar de laços e ligações com pessoas, situações negativas na nossa vida”. «Broken Bounds» é, assim, “um disco que fala em como é possível largar os laços que nos unem às adversidades e ultrapassar as mesmas”. A estreia da banda ao vivo fez-se também em Abril, no Mira Fest. “Foi uma tarde de muito calor, bom ambiente e muito público, uma boa primeira aparição, que só tem espaço para melhorar nas próximas datas que iremos anunciar. Aproveito também para agradecer ao Mira Fest pela forma como nos recebeu, a todas as bandas com quem partilhamos o palco e à população de Odemira que foi de uma simpatia espetacular”, diz o fundador dos HÓRUS.
Para o futuro, a experiência passada de todos “faz com que se saiba mais ou menos com o que se contar em determinadas situações e pode ajudar a prevenir alguns erros, mas sabemos que a perfeição não existe e eles podem sempre surgir”. A propósito das outras bandas em que alguns estão envolvidos, o músico afirma que “essa é uma questão que foi falada desde o início. Eu e o Martim não temos projectos paralelos, mas quer o Diogo, o Luís ou o Duarte separam bem cada projecto, e uma situação que não vai ocorrer é Hórus impedir qualquer um dos outros de avançar e vice-versa. Estamos sempre em contacto para ninguém sair prejudicado”. Um bom registo de estreia, concertos em agenda, boa presença mediática. Resta esperar para que os HÓRUS cresçam e se consolidem.