Rituais, raízes e revolução sonora: a viagem de EIVØR continua na maior editora de metal da Europa.
A artista feroesa EIVØR, uma das vozes mais singulares do norte da Europa, acaba de assinar contracto com a icónica editora Nuclear Blast Records, numa surpreendente, mas coerente aliança que reforça a transversalidade da sua música. Este novo capítulo na carreira de EIVØR coincide com o anúncio da sua digressão europeia de 2025 — cujo primeiro trailer oficial foi agora revelado — e contará com Ásgeir como convidado especial e Elinborg (a irmã de Eivør) como artista de abertura.
Mais que uma mudança de editora, esta aliança representa um encontro entre mundos aparentemente distintos, mas espiritualmente afins. Ao longo de mais de duas décadas de carreira, EIVØR tem desafiado fronteiras estilísticas e linguísticas, incorporando elementos da música folk feroesa, electrónica, clássica, pop, ambient e até traços da estética do metal — tanto na voz como na intensidade performativa. Esta ligação à editora alemã, tradicionalmente uma referência no universo do metal, revela uma editora aberta à experimentação artística e à diversidade estética.
“A assinatura deste contrato com a Nuclear Blast parece um passo natural”, afirma EIVØR. “A minha música sempre viveu entre mundos e sinto-me honrada por me juntar a uma editora capaz valorizar toda a minha liberdade artística e que tem paixão pelo que faço. Estou profundamente envolvida na composição de novo material e mal posso esperar para partilhar o que aí vem.”
Esse novo material ganhará forma num novo álbum de estúdio com lançamento previsto para 2026. Será o sucessor de «ENN», aplaudido disco que fundiu paisagens cinematográficas, raízes folclóricas das Ilhas Faroé e produção electrónica, e consolidou a reputação de EIVØR como uma das artistas mais inovadoras da cena nórdica contemporânea.
Nathan Barley Phillips, chefe de A&R europeu da Nuclear Blast, justifica a aposta: “Tive a sorte de ver a Eivør ao vivo no Royal Albert Hall, em Londres, há alguns anos, e fiquei completamente hipnotizado, como toda a plateia. A sua voz e presença são absolutamente únicas. Para mim, tornou-se claro que tínhamos de trabalhar com ela. Estamos entusiasmados por começar a colaborar já neste novo disco.”
Natural das Ilhas Faroé — arquipélago remoto no Atlântico Norte, com tradição cultural profundamente marcada pelo canto colectivo e pela resistência à assimilação externa —, EIVØR inspira-se intensamente na natureza agreste e nas raízes do seu povo. “Uma parte forte da cultura feroesa é o canto comunitário —sempre que as pessoas se reúnem, canta-se”, explica. “A música tradicional feroesa é geralmente cantada a capella, com raízes no Renascimento. É pura, expressiva e selvagem.”
Para expressar essa intensidade ancestral, EIVØR desenvolveu uma técnica vocal própria e distinta, que conjuga influências de beatboxing, throat singing e até do growling habitualmente praticado na música extrema, criando um timbre profundamente visceral. É precisamente essa qualidade crua e ritualista que tem cativado tanto os fãs da folk experimental como os do metal atmosférico. Além disso, a sua ligação ao universo do metal não é de agora.
A artista compôs para grandes produções internacionais como “The Last Kingdom” e “God of War“, dois exemplos de narrativas épicas em que a sua música se revelou essencial para criar ambientes espirituais, pagãos e cinematográficos. “Nunca senti que encaixasse em nenhuma redoma estanque”, diz ela. “Tenho de fazer as coisas à minha maneira.” Com onze álbuns editados e vários prémios importantes no currículo — incluindo dois Icelandic Music Awards —, EIVØR tem vindo a afirmar-se como uma força criativa em constante mutação.
A digressão europeia de 2025, que inclui uma data dupla em Portugal, promete celebrar essa comunhão de mundos, com a presença de Ásgeir, um dos nomes mais sensíveis e aclamados da música islandesa, e Elinborg, jovem compositora feroesa que tem trilhado um percurso promissor. A união destas três vozes nórdicas — todas com fortes raízes na tradição, mas com linguagens contemporâneas — prepara assim o terreno para o novo capítulo de EIVØR, agora com o selo da Nuclear Blast Records.
