Desde que se juntaram, em 1991, os DYING FETUS desenvolveram uma reputação como uma das bandas mais consistentes e íntegras saídas do movimento brutal death metal, sendo que «Reign Supreme» — editado em 2012 — só veio reforçar ainda mais essa ideia. Aproveitámos o regresso dos norte-americanos a Portugal para recordar parte da conversa com o simpático John Gallagher –- vocalista, guitarrista e mentor do trio –- publicada originalmente na LOUD! #136.
É a paixão por este tipo de som que vos faz continuar?
Não são, certamente, os milhões de dólares que ganho por ano. [risos] Toda a gente sabe que não vamos ficar ricos a tocar death metal, fazemo-lo porque temos de o fazer –- basicamente resume-se a isso.
E, ao sétimo álbum, continuas fiel ao género.
Sem dúvida. Fazemos apenas aquilo que queremos e, sinceramente, não me vejo a fazer outra coisa com os Dying Fetus; não nos vejo a mudar de estilo nos tempos mais próximos. Gosto de diversos estilos de música e, como instrumentista, gosto de tocar outras coisas. Às vezes estou em casa, pego na guitarra e começo a tocar outras cenas; seja blues, solos melódicos ou outra coisa qualquer, a verdade é que me dá prazer. No entanto, não acho que seja apropriado fazê-lo no contexto dos Dying Fetus. Não vamos começar a tocar tech metal, incorporar vozes operáticas ou qualquer bosta desse género. Vamos continuar a misturar death metal brutal com as partes mais beatdown, porque é o que fazemos melhor. Ainda acredito que, se começámos uma coisa, devemos acabá-la como é suposto. Não me interessa estar a tentar enganar as pessoas com batidas techno e merdas foleiras. É fixe que um músico que toca death metal queira explorar outras sonoridades mas, se é isso que se passa convosco, o que vos sugiro é que criem um projecto paralelo ou mudem de nome.
Como evitas que os teus interesses extra-death metal passem para a música que fazes para os Dying Fetus? Há um conjunto de regras a seguir?
Não tenho propriamente uma lista, mas há algumas directrizes que costumo seguir. Mesmo assim, este álbum tem algumas coisas diferentes do que é habitualmente esperado dos Dying Fetus. Tem influências mais melódicas nos solos e algumas pessoas têm mencionado isso, o que me leva a crer que é algo de que não estavam à espera. Há temas que têm umas partes mais thrashy e outros que têm um andamento mais doomy; vamos fazendo os possíveis para nos mantermos na linha sem estagnarmos. A «In The Trenches» é uma canção hardcore, não tem um único blast beat… no entanto, não nos queremos afastar demasiado do que é suposto fazermos. Há estas pequenas brincadeiras, como já tinha havido no passado com temas como «Dumpster Love» ou «Forest Trolls Of Satan», mas são só isso mesmo –- brincadeiras. Às vezes fico com a sensação de que as pessoas não nos deviam levar tão a sério.
Onde encaixarias o «Reign Supreme» no fundo de catálogo da banda?
Tentámos fazer o disco mais pesado possível, esse é o barómetro que nos rege sempre que gravamos um álbum novo. Desta vez passei imenso tempo a trabalhar nas vocalizações, queria torná-las mais profundas e perceptíveis que nunca. No geral, acho que é mais um petardo de brutalidade que faz justiça às raízes dos Dying Fetus. Os riffs são brutais, as letras são bem brutais também e, de certa forma, a capa pode ser vista como sendo a mais old school em muito tempo. Acaba por ser uma mistura do melhor que fizemos ao longo dos últimos 20 anos. Nunca é fácil escrever um álbum, na verdade. Começamos a escrever e ninguém pode saber qual vai ser o resultado final, mas… Este é o melhor disco que podíamos fazer neste momento, disso estou certo.
Os norte-americanos DYING FETUS actuam hoje à noite no Hard Club, no Porto. Contam com os GOATWHORE, MALEVOLENCE e FALLUJAH como bandas de suporte.