DREAM THEATER

DREAM THEATER: Novo álbum, «Parasomnia», para ouvir na íntegra [review + streaming]

O regresso triunfal da formação clássica dos DREAM THEATER! Após mais de uma década de espera, Mike Portnoy volta à bateria e reacende a chama da lendária banda de metal progressivo.

Poucas bandas conseguem manter um nível de exigência tão alto ao longo de uma carreira de mais de 35 anos. Para os DREAM THEATER, essa expectativa vem com o território. Durante as décadas, o grupo norte-americano estabeleceu-se como um dos nomes incontornáveis do metal progressivo, combinando uma execução técnica irrepreensível com composições que desafiam os limites do género. Agora, com o regresso do lendário baterista Mike Portnoy, a banda lança «Parasomnia», um álbum que reafirma o seu estatuto e demonstra que, apesar dos anos, a criatividade e a energia continuam intactas.

É sabido que o anúncio da saída de Portnoy em 2010 marcou um dos momentos mais dramáticos da história da banda. A incerteza que se seguiu foi rapidamente dissipada com a entrada de Mike Mangini, que ajudou os DREAM THEATER a gravar cinco álbuns, um EP e até a conquistar um Grammy com «The Alien», de «A View From The Top Of The World», de 2021. Mas a mudança é inevitável, e em Outubro de 2023, foi anunciada a saída de Mangini, seguida pela confirmação de um regresso há muito aguardado: Portnoy estava de volta.

O impacto deste retorno é evidente desde os primeiros segundos de «In the Arms Of Morpheus», a faixa instrumental que abre o disco. O álbum arranca com um riff que poderia muito bem pertencer a uma banda de deathcore moderna, mas que rapidamente se transforma numa peça progressiva repleta de variações rítmicas e melodias características do som dos DREAM THEATER. É uma afirmação de força e uma mensagem clara para os fãs: a banda não só continua relevante, como também está mais afiada do que nunca.

Se há algo que «Parasomnia» faz bem, é encontrar um equilíbrio entre a sofisticação instrumental e a capacidade de cativar até os ouvintes menos habituados a estruturas mais complexas. «Night Terror», a segunda faixa do álbum, e primeiro single de avanço, é um excelente exemplo dessa abordagem, que funde riffs memoráveis, mudanças de tempo inesperadas e solos avassaladores de John Petrucci. Aliás, cada membro dos DREAM THEATER parece estar no auge das suas capacidades, mostrando uma coesão impressionante.

O álbum não se limita a exibições técnicas. Há espaço para atmosferas distintas, da energia contagiante de «Midnight Messiah», que evoca o hard rock dos anos 80, até à balada progressiva «Bend The Clock», que desacelera o ritmo sem perder intensidade. O encerramento do álbum fica a cargo de «The Shadow Man Incident», um épico de 19 minutos onde Jordan Rudess brilha com um solo de piano inesperado, que remete para o honky-tonk.

A única sombra neste lançamento pode ser a menor presença do baixista John Myung, cuja técnica impressionante parece um pouco subaproveitada. É verdade que ainda é ele a cimentar a base sonora do grupo com precisão cirúrgica, não tem tantas oportunidades para brilhar. E claro, a voz de James LaBrie, que continua a ser um dos temas mais polarizadores entre os fãs dos DREAM THEATER. O cantor ainda mantém a sua assinatura vocal, com notas agudas bem sustentadas e entrega teatral, especialmente em momentos como o clímax de «A Broken Man» ou no final de «The Shadow Man Incident», mas não há como negar que a sua sonoridade nasal continua a ser um ponto de discórdia.

Conclusões? «Parasomnia» marca mais um momento de renovação nos DREAM THEATER. O regresso de Mike Portnoy trouxe uma nova energia à banda, e isso reflecte-se na forma como cada tema transborda vitalidade e criatividade. E não só cumpre as expectativas dos fãs, como reforça a posição do grupo como um dos grandes do metal progressivo. Com a celebração do 40.º aniversário ainda a decorrer, os DREAM THEATER embarcam agora numa digressão norte-americana que promete ser um evento imperdível para qualquer fã. A energia e a inspiração estão, definitivamente, de volta.

O novo álbum dos DREAM THEATER foi produzido pelo guitarrista John Petrucci em colaboração com o engenheiro de som James ‘Jimmy T’ Meslin, com o material a ser posteriormente misturado por Andy Sneap. A capa de «Parasomnia», que podes ver em baixo, foi uma vez mais criada por Hugh Syme. Mais informações adicionais podem ser consultadas no site oficial dos DREAM THEATER.