Noite quente para receber as lendas do metal progressivo e agora também vencedores de um Grammy, os DREAM THEATER. A acompanhar a banda norte-americana, esteve o inigualável DEVIN TOWNSEND, que entrou em palco a dizer ao público para “comer pilas,” porque “nós temos muitas pilas para oferecer”. Mais coisa, menos coisa, foi assim que o canadiano quebrou o gelo com o público que compunha bem a sala lisboeta, começando de seguida com os primeiros acordes de «Failure», um tema do disco «Transcendence», editado em 2016. Seguiram-se «Kingdom» e «My Command», estes dois já dos trabalhos a solo de Devin. Infelizmente, nesta altura fomos obrigados a sair da sala — os fotógrafos não podem ficar para assistir as bandas de abertura, mesmo que também tenham responsabilidades de escrita. Mas conta quem assistiu que a hora que Devin Townsend esteve em palco foi curta, tendo o músico sido merecedor de mais tempo. É esperar que a digressão em nome próprio seja reagendada rapidamente para nos podermos deliciar com a sua mestria novamente.
Quase sem tempo para mudança de palco — na prática, foi retirar o equipamento da banda de Townsend e pronto — os DREAM THEATER apareceram quando pouco passava das 21:15, e durante duas horas fizeram aquilo que sabem fazer melhor, que é dar uma lição de execução instrumental. E foi ao som do tema que lhes deu o Grammy, «The Alien», que abriram as hostilidades. Cedo se percebeu que Jordan Rudess tinha razão quando afirmou em entrevista à LOUD! que estavam bastante coesos. Quem os segue sabe que não mudam o alinhamento da digressão e basicamente já todos sabiam de cor e salteado os temas que iriam tocar. Depois de «The Alien», seguiu-se «6:00» do clássico «Awake», e «Awaken The Master» do mais recente trabalho de estúdio. Durante «Endless Sacrifice», viu-se algo raro, que foi o baixista John Myung sair do seu espaço e ir até à frente de palco juntamente com John Petrucci. Depois, foi a vez de Jordan Rudess se juntar ao guitarrista perante uma plateia em êxtase, e depois foi então a vez de LaBrie e Rudess terem o seu momento. A banda parece mais unida que nunca e claramente está a divertir-se em palco. O vocalista aproveitou ainda para falar da vitória do Grammy e referiu que o Devin Townsend também merece um, e parece que ninguém discordou dessa afirmação.
Durante o concerto notou-se bem que John Petrucci assume actualmente o papel de líder da banda, chegando-se muitas vezes à frente para puxar pelo público. Já os fãs do grupo fazem lembrar os fãs dos RUSH; sabem todos os breaks de bateria, os solos de guitarra, as partes de baixo e as letras, do principio ao fim. Nota também para o palco e jogo de luzes que foram bastante envolventes, criando um excelente ambiente visual. Ainda falando do alinhamento tocado, destaque para «The Ministry Of Lost Souls», que é um daqueles temas que poderia ser tocado em todas as digressões. Apesar de não haver espaço para todos os ditos clássicos, a verdade é que ninguém parece ter sentido grande falta, porque tanto os temas novos como os restantes foram suficientes durante duas horas para deixar toda a gente satisfeita. Duas horas de uma banda em topo de forma — incluíndo LaBrie, apesar dos habituais detractores terem sempre algo negativo para apontar — e ainda o bónus para os fãs de terem presenciado também a mestria de Devin Townsend. Ficamos à espera do próximo!
FOTOS: Jorge Botas