DREAM THEATER

DREAM THEATER @ Uber Eats Music Hall, Berlim, Alemanha | 22.10.2024 [reportagem]

No palco do Uber Eats Music Hall, em Berlim, os DREAM THEATER assinaram um concerto épico e mostraram que continuam a desafiar-se a cada oportunidade. A 16 de Novembro, a dose repete-se na MEO Arena, em Lisboa, num concerto a não perder!

Na passada terça-feira, dia 22 de Outubro, os lendários DREAM THEATER subiram ao palco do Uber Eats Music Hall, em Berlim, para mais uma noite de metal progressivo memorável. Com a sala completamente esgotada de fãs fervorosos, a banda norte-americana celebrou mais de três décadas de carreira com uma prestação que teve tantos momentos de brilho absoluto como alguns desafios inesperados, mas que, no final, se revelou épica.

O espectáculo começou com uma verdadeira relíquia: «Metropolis Pt1: The Miracle And The Sleeper», um tema icónico para aquecer o público logo desde o primeiro segundo. No entanto, foi notório que o vocalista James LaBrie enfrentava algumas dificuldades com a voz no início, fruto de problemas com os in-ears, algo que o perturbou um pouco na entrega das primeiras músicas. No entanto, como é habitual em LaBrie, o cantor foi-se ajustando à medida que o concerto progredia. A partir de «Act I: Scene II: A Strange Déjà Vu», a sua voz tornou-se mais estável, e o público foi levado na verdadeira viagem musical que os DREAM THEATER proporcionaram.

As maiores surpresas surgiram com o primeiro grande duelo vocal da noite entre LaBrie e Mike Portnoy em «Constant Motion». Aqui, LaBrie brilhou mais que em qualquer um dos temas anteriores, e o dueto com o baterista foi electrizante, recordando-nos por que razão estes músicos continuam a ser considerados alguns dos melhores no mundo da música progressiva. A seguir, «Vacant» trouxe um outro registo, mais intimista, com a voz de LaBrie num tom quase etéreo que emocionou grande parte da audiência.

Do ponto de vista técnico, o som estava cristalino, uma verdadeira delícia para os ouvidos, permitindo que cada detalhe da intrincada música dos DREAM THEATER fosse ouvido em toda a sua complexidade. Os solos precisos de John Petrucci brilharam, como sempre, e Jordan Rudess mostrou toda a sua mestria nos teclados. A secção rítmica, comandada por John Myung no baixo e o regressado Portnoy na bateria, manteve a coesão durante todo o espectáculo, mas os holofotes estavam todos neste último, pois claro.

O alinhamento revelou-se sólido, percorrendo” clássicos” da discografia da banda. «The Mirror», com o solo extra de «Lie», e o poderoso «Panic Attack» causaram uma verdadeira euforia. Houve também espaço para momentos mais melódicos, como «Barstool Warrior», do álbum «Distance Over Time», que trouxe um momento mais introspectivo e melódico, mostrando a versatilidade da banda, e «Hollow Years», que adicionou um equilíbrio muito bem-vindo ao concerto. Durante «Night Terror», o primeiro single de avanço para o novo álbum dos DREAM THEATER, os cinco músicos viram-se confrontados com mais um contratempo,com o vídeo de apoio à música a não “entrar” quando esperado.

Profissionais que são, não se fizeram rogados e seguiu em frente com o vídeo que antecede o Act II em repetição. Apesar disso, a banda mantiveram-se estoicos, sem deixarem que este incidente afectasse a dinâmica da actuação. Já durante o segundo ato, destacaram-se temas como «This Is The Life» e a épica «Under A Glass Moon», que levou o público ao delírio com a sua complexidade técnica e o incrível solo de Petrucci.

Por seu lado, a encantadora viagem instrumental de «Stream Of Consciousness» foi uma verdadeira demonstração de virtuosismo, qual montanha-russa de sons e emoções que manteve todos hipnotizados. Depois, o gigante «Octavarium» afirmou-se como um dos momentos altos da noite, com a sua estrutura colossal a levar a plateia numa viagem através dos muitos estilos e sonoridades que os DREAM THEATER dominam com mestria.

Para o encore, a banda reservou três faixas arrebatadoras: «Act II: Scene Six: Home», «The Spirit Carries On» e a clássica «Pull Me Under», que fechou a noite com chave de ouro e se revelou o final perfeito para um concerto que, apesar dos pequenos contratempos, mostrou uma banda em plena forma, tanto individualmente como no conjunto. A química entre o quinteto, especialmente com o regresso de Mike Portnoy, era palpável e muito contribuiu para o ambiente de celebração que dominou a noite. Resultado: se havia alguma dúvida sobre a vitalidade dos DREAM THEATER em 2024, este concerto dissipou-as por completo.