DIRKSCHNEIDER

DIRKSCHNEIDER @ MILAGRE METALEIRO OPEN AIR | 23.08-2025 [reportagem]

DIRKSCHNEIDER coroou o penúltimo dia do Milagre Metaleiro 2025 com um clássico absoluto. A celebração de «Balls To The Wall» e um encore inesquecível confirmaram o cantor germânico como Rei da noite em Pindelo dos Milagres.

O penúltimo dia da edição de 2025 do Milagre Metaleiro Open Air será lembrado como de consagração. Após dois dias que já tinham elevado bastante a fasquia, com concertos memoráveis de nomes como os ENSIFERUM e ALESTORM, era difícil imaginar como o festival poderia surpreender ainda mais. A resposta chegou com a entrada em palco de DIRKSCHNEIDER, momento em que Udo Dirkschneider foi coroado Rei absoluto de Pindelo dos Milagres, numa actuação que provou que o heavy metal tradicional continua a viver com a mesma intensidade de outrora.

A jornada desse dia já tinha oferecido excelentes momentos graças aos MOONSHADE, XEQUE-MATE, NECROPHOBIC, JOLLY ROGER, GODIVA e TÝR. Estes últimos, apesar de enfrentarem alguns problemas de som na fase inicial do concerto, acabaram por recuperar e entregar uma actuação à altura do público. No entanto, foi com DIRKSCHNEIDER que o recinto se transformou realmente num verdadeiro altar ao metal clássico, onde cada acorde, cada refrão e cada gesto foram recebidos com enorme devoção.

A celebração teve como mote o clássico «Balls To The Wall», que foi tocado na íntegra. Esta decisão revelou-se certeira, não só pela importância histórica do álbum no legado dos ACCEPT, mas sobretudo pelo impacto emocional que estas canções ainda exercem sobre gerações inteiras de fãs. O arranque com o tema-título e «London Leatherboys» foi explosivo, colocando desde logo milhares de vozes a cantar em uníssono, numa comunhão rara entre palco e plateia. O som esteve irrepreensível, com guitarras nítidas e uma secção rítmica avassaladora, e a iluminação acrescentou grandiosidade ao espectáculo.

Para ajudar, a formação que acompanhou Udo deu corpo a esta celebração com a solidez de quem conhece intimamente estas canções. O baixista Peter Baltes, companheiro de longa data nos ACCEPT, trouxe não apenas técnica mas também a aura de autenticidade que reforçou o peso simbólico da noite. A bateria esteve nas mãos de Sven Dirkschneider, o filho de Udo, cuja energia e precisão conferiram frescura às composições. Nos riffs e solos, os guitarristas Andrey Smirnov e Dee Dammers garantiram momentos de intensidade, mantendo a fidelidade ao espírito original mas também deixando o seu cunho pessoal.

À medida que o álbum se desenrolava, o público mergulhava mais fundo na celebração. Cada tema era recebido como um hino, com os fãs a cantarem refrão após refrão, muitos com lágrimas de emoção ao testemunharem um dos álbuns mais importantes da história do heavy metal ao vivo e na íntegra. O recinto transformou-se num coro ensurdecedor, e a cada pausa sentia-se a gratidão recíproca entre a banda e o público.

O encore trouxe o clímax absoluto da noite. Quando soaram os primeiros acordes de «Princess Of The Dawn», o público respondeu de imediato, cantando com tal intensidade que, por momentos, parecia rivalizar com o próprio sistema de som. «Fast As A Shark» acelerou o ritmo e fez o recinto explodir em headbanging e mosh, enquanto o fecho com «Burning» encerrou a noite em apoteose épica, como um derradeiro brinde a uma carreira e a um legado que permanecem inquebráveis.

Mas a grandeza da noite não se mediu apenas pelo que aconteceu em cima do palco. No recinto, a energia era palpável. Entre cervejas erguidas, abraços partilhados e camisolas dos ACCEPT que surgiam a cada esquina, havia uma clara sensação de que todos estavam ali a participar num momento histórico. Vários fãs veteranos comentavam entre si que este foi não só o melhor concerto do festival, como um dos mais marcantes do ano em Portugal. Para os mais jovens, muitos deles a verem pela primeira vez Udo Dirkschneider ao vivo, foi uma oportunidade única de tocarem a história de perto, de sentirem a mesma energia que os seus pais ou irmãos mais velhos viveram décadas atrás.

Ao cair da noite, Pindelo dos Milagres foi palco de uma celebração que uniu passado e presente, tradição e renovação. O Milagre Metaleiro Open Air 2025 encerrou o seu penúltimo dia em clima de consagração, provando que o heavy metal clássico não é apenas uma memória, mas uma força viva que continua a emocionar multidões. E no centro de tudo esteve Udo Dirkschneider, inabalável, eterno, reafirmando o seu estatuto como um verdadeiro monarca do metal.