BRUCE DICKINSON

DICKINSON rejeita playbacks: “No dia em que usarmos backing tracks, eu saio. Ou paramos.”

BRUCE DICKINSON, artista a solo e vocalista dos IRON MAIDEN, reafirma o seu compromisso com actuações 100% ao vivo.

Numa altura em que muitos artistas recorrem a truques e faixas pré-gravadas para polir actuações ao vivo, os IRON MAIDEN permanecem inabaláveis na sua dedicação à autenticidade. Bruce Dickinson, o icónico vocalista da banda britânica, é categórico ao afirmar que nunca recorrerão a backing tracks nos concertos. Para Dickinson, essa seria a linha vermelha que ditaria o fim da sua ligação ao grupo.

Numa entrevista à Classic Rock, Dickinson, de 66 anos, não poupou palavras ao defender a integridade artística da banda: “A ideia de transformar isto numa espécie de Disneyland Maiden, usando backing tracks ou alguns truques… Não!”, disse ele. “Os IRON MAIDEN têm de ser cem por cento reais – e absolutamente ferozes!”. O vocalista recordou também uma conversa recente com um fã, que elogiou a capacidade da banda de continuar a entregar actuações tão intensas.

Em resposta, Dickinson foi claro: “Sim, e estamos a fazer tudo ao vivo. Não há afinações baixas.” Quando o fã mencionou que muitos artistas dependem de backing tracks, Dickinson foi implacável: “Não! Não, não! No dia em que usarmos backing tracks, eu saio. Ou paramos. Se não for real, não é MAIDEN.” A recusa de Bruce Dickinson em comprometer a autenticidade reflete um princípio fundamental dos IRON MAIDEN: cada nota tocada e cantada nos concertos é genuína.

Esta postura por parte do cantor ganha ainda mais relevância numa indústria onde o uso de elementos pré-gravados se tornou comum, especialmente entre artistas veteranos que adaptam as suas actuações para acomodar limitações vocais. No entanto, Dickinson insiste que os IRON MAIDEN continuam a tocar todos os temas na tonalidade original, sem baixar afinações para facilitar a execução:

“Tocamos todas as músicas na tonalidade original; não baixamos, não desafinamos, nada disso. Tocamos tudo rápido demais, porque estamos entusiasmados. Nunca usamos click tracks ou time code. Agora vejo muitas bandas e penso: ‘Espera aí. Como é que cantaste isso sem mexer os lábios?’ Há vozes de apoio a surgirem de todos os lados. Mas nós não fazemos nada disso. Tudo é analógico e real.” Dickinson observa que esta autenticidade não passa despercebida ao público: “Penso que isso nos traz benefícios, porque o público entende que a realidade se tornou algo raro hoje em dia.”

Esta filosofia não é, de resto, exclusiva de Bruce Dickinson. Steve Harris, o baixista e fundador dos IRON MAIDEN, também defende uma abordagem sem concessões: “Acho que saberás, dentro de ti, quando já não consegues corresponder. E gosto de pensar que ainda estamos aí a dar o máximo.” O guitarrista Adrian Smith, por seu lado, criticou recentemente o uso crescente de tecnologia na música: “Vejo isso em muitas bandas mais jovens, e não acho que seja bom. A música está a tornar-se demasiado técnica. Há sistemas de gravação computadorizados que também usamos, mas mais por conveniência do que por necessidade.”

Fundados em 1975 e pioneiros da New Wave of British Heavy Metal, os IRON MAIDEN construiram uma carreira lendária assente na energia dos concertos e no virtuosismo musical, sem recorrerem aos atalhos tecnológicos. Com milhões de álbuns vendidos e digressões globais que continuam a esgotar arenas, os veteranos britânicos mantêm-se como uma força inabalável do heavy metal e, este ano, preparam-se para dar um concerto esgotado na MEO Arena, em Lisboa.