DEFTONES

DEFTONES: Em dia de aniversário, recordam o «Around The Fur» [entrevista exclusiva]

Em declarações exclusivas à LOUD!, Chino Moreno e Abe Cunningham partilham memórias do icónico segundo álbum dos DEFTONES.

Hoje, já mais de duas décadas depois, é inegável que o nu-metal foi responsável pelo regresso da música alternativa mais pesada ao zeitgeist mainstream pela primeira vez em muito tempo. No entanto, também não é segredo que a maioria das pessoas que assistiram à explosão da tendência parecem concordar que o estilo, ancorado na latente combinação de angústia superficial e arrogância forçada, acabou por não envelhecer tão bem quanto seria desejável.

Dúvidas restassem, basta olhar para a maioria dos grupos que, apesar de terem conseguido sobreviver à erosão dos anos, hoje só podem sonhar com o estatuto comercial de que gozaram outrora. Viajemos no tempo, duas décadas no passado, directamente de volta a 2000 — altura em que, em termos de música pesada fora do underground, o malfadado nu-metal dominava as preferências de uma geração apostada em usar roupa tão larga quanto possível e bonés de basebol vermelhos ao contrário.

Recordemos uma época em que as guitarras de afinação bem grave deixaram de ser um exclusivo apenas da música extrema, em que a raiva e a angústia do grunge se massificaram, como se “aquela” dor tivesse sido socialmente aceite como uma estranha forma de entretenimento. Após alguns anos de incubação, a nova coqueluche da música feita com guitarras começava a aproximar-se perigosamente do pico.

Foi em 2000 que foram editados incontáveis álbuns seminais dessa época. Os Limp Bizkit lançaram o seu «Chocolate Starfish And The Hotdog Flavored Water», os Linkin Park entraram em cena com o «Hybrid Theory», os Papa Roach transformaram-se num fenómeno com o «Infest» e até os medianos Disturbed provocaram ondas com o «The Sickness». Convenhamos, desses todos, que continuam todos no activo, o que nos servem é apenas um pálido reflexo do que fizeram na altura. AH! Depois temos os DEFTONES, que lançaram o magnum opus «White Pony» também em 2000.

No entanto, três anos antes, os DEFTONES já nos tinham servido o incontornável «Around The Fur», que foi originalmente editado a 28 de Outubro de 1997. “Não há como negá-lo, o «Around The Fur» continua a ser um dos meus favoritos de todos os álbuns que fizemos“, confessou-nos Chino Moreno na sua última passagem por Portugal. “Porquê? Simplesmente porque, após termos feito o «Adrenaline», estávamos a precisar de dar um grande passo em frente. A verdade é que o nosso primeiro disco até gozou de algum sucesso, mas pessoalmente nunca fiquei totalmente satisfeito com o que fizemos feito.

O «Around The Fur» representava uma segunda oportunidade de provarmos o que realmente valíamos e não a podíamos desperdiçar“, explica o cantor dos DEFTONES. “Portanto, o plano sempre foi darmos um passo em frente e, apesar de ainda conter muita agressividade, o «Around The Fur» abriu a vertente mais melódica da nossa música. É um álbum muito dinâmico.

Quando comparado com o «Adrenaline», o som do «Around The Fur» está a milhas de distância“, diz-nos Abe Cunningham, o baterista dos DEFTONES. “O «Around The Fur» foi produzido de uma forma diferente e isso nota-se. Foi, de resto, nesse álbum que o Terry percebeu que tínhamos um baixista na banda. [risos] Nada contra, mas o Terry tinha background muito metaleiro e um medo dos diabos do baixo. No «Adrenaline» era o elemento mais atrás na mistura, percebe-se que está lá, mas afundado pela voz e os outros instrumentos todos. Quando entrámos em estúdio, íamos determinados a levar a nossa avante; o «Around The Fur» é o nosso primeiro disco que tem low-end a sério.

O «Around The Fur» foi o disco mais rápido que alguma vez fizemos. Demorámos apenas quatro meses a escrever e a gravar, demos mesmo tudo o que tínhamos para dar e acho que, ainda hoje, essa energia se nota bem nos temas. Além disso, gravar em Seattle, mesmo naquela altura, foi especial“, revelou o líder dos DEFTONES.Essa época foi muito, muito fixe. Tínhamo-nos fartado de tocar ao vivo e estávamos com o nosso nível de confiança mesmo lá em cima, por isso chegámos a Seattle cheios de vontade de fazer com que tudo funcionasse”, conclui Abe Cunningham.