Há 34 anos, o terceiro álbum de Chuck Schuldiner e companhia reflectiu a fase de transição mais crucial da carreira dos DEATH.
O que dizer de um visionário que desmonta o movimento que ele próprio criou ou de que foi pioneiro? Nascido a 13 de Maio de 1967, em Long Island, no estado de Nova Iorque, Charles Michael “Chuck” Schuldiner é frequentemente referido como “o Pai do death metal” e, no seu obituário publicado a 5 de Janeiro de 2002 na revista inglesa Kerrang!, escreveu-se que foi “uma das figuras mais importantes na história do metal“.
O caso não é para menos, convenhamos. Juntamente com os POSSESSED, da Bay Area de São Francisco, os DEATH, criação pessoal de Schuldiner e a banda que o tornou famoso (primeiro no underground e depois no mainstream da música pesada), não só ajudaram a concretizar um dos mais bem sucedidos subgéneros extremos como também desafiaram, através da mestria técnica, todos os preconceitos que se pudessem ter em relação à evolução de um género “abrutalhado” por natureza.
Da maqueta «Death By Metal», de 1983, gravada com uma banda pré- DEATH chamada MANTAS à despedida com o glorioso «The Sound Of Perseverence», em 1998, passando pelas primeiras fusões de jazz metal de «Human» e «Individual Thought Patterns», o mago Chuck viveu como Da Vinci, que pensava que “a arte nunca é finalizada, apenas abandonada”. Ao longo de uma carreira sempre em crescendo, os DEATH nunca fizeram dois álbuns iguais, mas agora percebe-se que todos estavam muito ligados; numa narrativa não-linear que culminou na formação dos CONTROL DENIED.
Originalmente editado a 16 de Fevereiro de 1990 pela Combat Records, o terceiro álbum da banda norte-americana DEATH, então formada por Chuck Schuldiner na guitarra/voz, James Murphy na guitarra, Terry Butler no baixo e Bill Andrews na bateria foi lançado há precisamente 34 anos. O sucessor de «Leprosy», que tinha sido editado dois anos antes, foi produzido por Schuldiner em parceria com Eric Greif nos lendários estúdios Morrisound Recording, em Tampa, na Florida.
Em retrospectiva sabemos que o disco encerrou a trilogia de LPs dos DEATH que ajudou a delinear o nascimento de todo um subgénero da música extrema mas, mais importante ainda, o «Spiritual Healing» encerrou o segundo capítulo da carreira da banda (o primeiro consistiu no período em que andaram a gravar maquetas, num processo de autodescoberta extraordinariamente prolongado), preparando assim o cenário para o iminente pico criativo do talentoso Chuck Schuldiner.
Do ponto de vista da formação (sempre uma trama intrigante de qualquer álbum dos DEATH), o líder do grupo tinha separado-se do cúmplice de longa data Rick Rozz há relativamente pouco tempo, substituindo-o por um shredder ainda mais refinado e versátil, o prodígio James Murphy. Com a sólida secção rítmica formada por Butler e Andrews no sítio, o «Spiritual Healing» é um álbum que reflecte aquela que foi, muito provavelmente, a fase de transição mais crucial para os DEATH.