Ellefson, o ex-baixista dos MEGADETH, fala sobre a “última digressão” da banda e deixa em aberto uma possível reconciliação com Dave Mustaine.
Num tom ponderado, mas não isento de ironia, David Ellefson voltou a comentar publicamente o seu afastamento dos MEGADETH e o recente anúncio da derradeira digressão da banda liderada por Dave Mustaine. Numa entrevista ao portal norte-americano AlternativeNation.net, o músico, que integrou o grupo em duas longas fases, totalizando cerca de três décadas, admitiu que não pensa muito sobre o assunto — embora não descarte a hipótese de regressar para aquilo que descreveu como o “canto do cisne” do quarteto.
“Sinceramente, não penso muito nisso. Acho que provavelmente todos os outros pensam mais nisso por mim do que eu mesmo”, começou por elaborar o ex-baixista dos MEGADETH. “Há quatro anos e meio, o Dave disse que já não tinha interesse em tocar música comigo, portanto… Aceitei a decisão dele e simplesmente decidi seguir com a minha vida. Não estou sentado à espera de um telefonema ou do que quer que seja. Já me coloquei à disposição e ficaria feliz em participar a algum nível se a oportunidade surgir.”
Apesar desta serenidade aparente, David Ellefson não deixou de lançar também uma provocação subtil: para o baixista, o anúncio do fim dos MEGADETH pode ser menos definitivo do que aparenta. Ao longo da entrevista, o músico questionou se a “última digressão” não será, afinal, uma estratégia para aumentar o interesse e impulsionar a venda de bilhetes.
“Se realmente for uma despedida, se realmente for isso e não apenas uma tentativa de aumentar a venda de bilhetes… Porque já vimos todos este filme antes, correcto?”, disparou Ellefson, levando-nos de volta a 2002. “Se o Dave precisa de encerrar tudo e desistir porque simplesmente se cansou e já passou por tudo isso… Como ainda sou amigo dele, mesmo que não conversemos há quase cinco anos — sabem uma coisa? Espero que Deus o abençoe. Ele que encerre tudo com dignidade e aproveite o resto da sua vida.”
Estas declarações reflectem uma mistura de pragmatismo e nostalgia. Embora tenha deixado claro que não espera uma reconciliação imediata, Ellefson mantém um tom respeitoso em relação a Mustaine — com quem fundou os MEGADETH em 1983, após a saída deste dos METALLICA. A relação entre ambos sempre foi marcada por altos e baixos, mas também por uma ligação musical inegável, expressa em LPs fundamentais do thrash como «Peace Sells… But Who’s Buying?», «Rust in Peace» e o «Countdown To Extinction».
O rompimento definitivo aconteceu em 2021, quando Ellefson foi afastado do grupo após uma polémica pessoal amplamente divulgada online. Desde então, o baixista tem seguido carreira com o ELLEFSON-SOTO, o projecto DIETH, e várias colaborações pontuais — mas sem nunca fechar totalmente a porta ao passado. Os MEGADETH, por sua vez, seguem com James LoMenzo no baixo e preparam o lançamento do seu novo álbum, o décimo sétimo da carreira. O disco, autointitulado «Megadeth», está previsto para Janeiro de 2026 e antecederá o início da digressão final anunciada por Mustaine em Agosto.
Até ao momento, ainda não foram divulgadas datas ou países incluídos no itinerário, mas o anúncio de uma “última digressão” reacendeu tanto a euforia dos fãs como o cepticismo de alguns observadores — sobretudo após várias bandas clássicas terem transformado as suas despedidas em eventos recorrentes. Para Ellefson, o mais importante é que o legado seja preservado com dignidade. “Se é mesmo o fim, que assim seja. Mas que seja verdadeiro, e não apenas mais um golpe de marketing”, afirmou.















