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DAVE MUSTAINE explica a decisão de gravar uma versão da «Ride The Lightning», dos METALLICA

Agora é oficial! Dave Mustaine encerra círculo com versão de «Ride The Lightning» no álbum de despedida dos MEGADETH.

O fim de uma das mais marcantes jornadas da história do metal aproxima e, em entrevista à Rolling Stone, Dave Mustaine, guitarrista, vocalista e mentor dos MEGADETH, confirmou por fim que, como avançado ontem, aquele que será o derradeiro álbum das lendas do thrash, intitulado simplesmente «Megadeth», vai mesmo incluir uma versão da «Ride The Lightning», o clássico dos METALLICA lançado em 1984. A escolha, longe de ser um acto de provocação ou de nostalgia gratuita, tem, segundo o próprio Mustaine, um significado mais profundo: o de encerrar um ciclo que começou há mais de quatro décadas.

“Não era propriamente que eu quisesse fazer a minha versão”, explicou Dave Mustaine. “Acho que todos queríamos que aquela canção tivesse resultado de uma certa forma, e para mim isto era algo muito maior do que a forma como uma música soa. Era uma questão de respeito.”

A relação entre Dave Mustaine e os METALLICA é um dos capítulos mais conhecidos — e complexos — da história do metal. Expulso da banda em 1983, antes da gravação do álbum de estreia «Kill ‘Em All», o guitarrista levou consigo um misto de ressentimento e motivação que alimentaria depois a criação dos MEGADETH. No entanto, parte do seu legado ficou gravado em discos alheios: Mustaine é creditado como coautor de vários temas dos METALLICA, entre eles a própria «Ride The Lightning», composta em parceria com James Hetfield, Lars Ulrich e Cliff Burton.

Agora, mais de 40 anos depois, o músico norte-americano parece reconciliar-se com o passado — não através de palavras, mas através da música. “Queria fazer algo que encerrasse o círculo da minha carreira agora”, confessou. “Ela começou com os PANIC e com várias canções que acabaram no repertório dos METALLICA, e eu queria fazer algo que sentisse ser uma boa canção, uma canção que representasse isso.”

O gesto é simbólico, mas também profundamente pessoal. Mustaine sublinha que a decisão não foi motivada por qualquer tentativa de reconciliação pública ou reaproximação entre as duas bandas: “As nossas intenções foram puras. Não tinha qualquer razão para pensar: ‘Ah, esta coisa de 40 anos em que vocês nunca vão fazer digressões comigo vai mudar porque eu fiz esta música’. Não era isso. Era mais sobre: esta é a minha vida daqui para a frente. Quero fazer coisas que sejam respeitáveis.”

Ainda assim, o guitarrista e vocalista não esconde a admiração que mantém por James Hetfield, com quem partilhou os primeiros dias de luta e frustração antes de o sucesso global chegar. “Ninguém me pergunta sobre ele”, disse. “Um dia ele era apenas o cantor, e no outro era um verdadeiro colosso, e eu sempre o respeitei como guitarrista. Fazer isto é também uma forma de reconhecer isso.”

Ao longo das décadas, Dave Mustaine construiu uma reputação de líder intransigente e perfeccionista, capaz de redefinir o thrash com discos como «Peace Sells… But Who’s Buying?» (1986), «Rust In Peace» (1990) e «Countdown to Extinction» (1992). Mas o fantasma do seu passado com os METALLICA nunca deixou de pairar sobre a sua história. A escolha de «Ride The Lightning», precisamente a canção que simboliza a sua contribuição criativa mais incontornável para a banda de São Francisco, funciona como uma catarse musical e emocional.

“Acho que fazer algo onde possamos homenagear o tipo que… odeio dizer isto, porque soa incrivelmente arrogante, mas o trabalho de guitarras nos METALLICA mudou o mundo”, afirmou ainda Mustaine. A frase é simultaneamente um elogio e uma constatação: sem ele, a história do metal seria diferente, mas sem os METALLICA, talvez o nome Dave Mustaine também não tivesse o peso simbólico que carrega hoje. O LP de despedida dos MEGADETH será lançado a 23 de Janeiro de 2026 através da Tradecraft, numa parceria com a Frontiers Label Group, pela nova chancela BLKIIBLK.