Durante uma entrevista recente, Mustaine reflectiu sobre o impacto da música nas pessoas e apontou algumas limitações na cena metal contemporânea.
Dave Mustaine, o líder dos MEGADETH, voltou a expressar o seu desdém pelo nu metal numa recente entrevista à LifeMinute, onde também abordou o futuro da banda e partilhou detalhes sobre o projecto vinícola da sua família, House Of Mustaine. A conversa revelou o lado crítico de Mustaine em toda a sua plenitude relativamente à música moderna, especialmente à cena nu-metal dos anos 2000, e destacou o seu apreço por músicos mais clássicos e técnicos.
Durante a conversa, que pode ver na íntegra em baixo, Mustaine reflectiu sobre o impacto da música nas pessoas e apontou algumas limitações na cena metal moderna. “Depende. Se acreditares em todos aqueles ditados sobre o efeito da música nas pessoas, há muitos. O primeira coisa que me vem à cabeça com a tua pergunta é: ‘A música acalma a fera selvagem.’ Não sei quem cunhou essa frase, mas é bastante precisa, dependendo do tipo de música. Agora, se tocares metal moderno com aqueles tipos que não conseguem cantar e fazem aquele grito… Bem, isso é compreensível para mim, porque eles não conseguem cantar e estão a fazer o melhor que podem”, afirmou.
O líder dos MEGADETH foi particularmente incisivo ao abordar o nu-metal, género que atingiu o auge no final dos anos 90 e início dos anos 2000, mas que nunca conquistou o seu respeito. “Houve um período em 2000 em que surgiram estas bandas chamadas — acho que era ‘nu metal’ — e elas não faziam solos. Porquê? Porque não conseguiam fazer solos, é tão simples quanto isso. Ainda bem que esse género acabou por desaparecer. As pessoas começaram a aprender a fazer solos de novo. Diria que, se estás numa banda de nu metal, provavelmente terias dificuldade em tocar a «Johnny B. Goode». Por isso, estou feliz que esse género tenha desaparecido.”
Mustaine também abordou o estado actual da música e o impacto da era digital na criatividade. “Bem, gosto de alguma música mais antiga porque a nova… quero dizer, todos os bons acordes já foram usados. E se pensares bem, quando comecei há 40 anos, o panorama musical não tinha milhões de miúdos sentados em casa a fazer riffs de guitarra no computador e a publicá-los online. Há o lado bom e o lado mau em tudo, e quando as pessoas fazem música para si próprias, isso é óptimo. Mas quando começas a ver estes discos fabricados em que os membros da banda nem sequer tocam, isso é fraude. Por isso, gosto de bandas que realmente tocam o que fazem.”
A reverência de Mustaine por músicos com um estilo mais clássico ficou evidente quando mencionou um dos seus guitarristas preferidos: David Gilmour, dos PINK FLOYD. “Ele consegue fazer mais com uma nota do que alguns dos guitarristas de hoje conseguem fazer com doze. É uma questão de sentimento. A guitarra é um prolongamento do teu espírito, da tua alma, e de como a fazes soar.”
Esta não é a primeira vez que Mustaine manifesta a sua antipatia pelo nu-metal. Em Setembro de 2022, o músico disse à estação de rádio WSOU 89.5 FM que tanto ele como os seus colegas de banda gozavam frequentemente com os grupos de nu-metal com quem eram “forçados” a fazer digressões nos anos 90. “Não te consigo dizer o quanto nos ríamos das bandas que éramos obrigados a levar em tour connosco nos 90s, especialmente durante o período do nu metal. Todas essas bandas que não faziam solos e afins.”
Apesar das críticas aos géneros mais modernos, Mustaine está focado no futuro dos MEGADETH. Como noticiado recentemente, o próximo LP da banda será lançado através da sua própria editora, a Tradecraft, em parceria com a Frontiers Label Group e a nova subeditora BLKIIBLK. O disco está a ser produzido por Chris Rakestraw, que trabalhou nos dois últimos álbuns dos MEGADETH — «The Sick, The Dying… And The Dead!», de 2022, e «Dystopia», de 2016.