Um ritual de antecipação toma forma no underground do black metal. A chama italo-norueguesa dos DARVAZA reacende-se na recta final antes do lançamento oficial do segundo longa-duração.
Os DARVAZA, um projecto italo-norueguês composto pelo multi-instrumentista Omega e pelo vocalista Wraath, já disponibilizaram o seu novo álbum, «We Are Him», para escuta integral. O disco será editado internacionalmente amanhã, sexta-feira, dia 5 de Dezembro, pela Terratur Possessions, com a distribuição global assegurada pela Amor Fati Productions. O momento marca o derradeiro passo antes do regresso da dupla aos álbuns, três anos depois de «Ascending Into Perdition», e reforça o estatuto singular que conquistaram ao longo da última década.
Desde que surgiram com uma série de três EPs em rápida sucessão, os DARVAZA foram cultivando um lugar de culto no coração mais fervoroso do underground. A união entre Omega, figura omnipresente em múltiplas entidades extremas, e Wraath, dono de uma presença vocal que se tornou imediatamente reconhecível, sempre emanou uma sensação de propósito partilhado: uma tocha carregada com igual peso de confronto e introspecção, acesa por conflito e moldada por uma espiritualidade adversarial que atravessa toda a sua obra.
Se «Ascending Into Perdition» representou uma entrada definitiva no formato longa-duração — e um renascimento artístico após um período de silêncio autoimposto —, então «We Are Him» surge como uma resposta ainda mais feroz e deliberada.
Descrito como uma celebração, libertação e combustão em honra da força antagonista do Diabo, o novo álbum dos DARVAZA combina a crueza do black metal tradicional com uma execução meticulosa, firme e imbuída de convicção. É música erguida sobre a terra, mas orientada para o Além, registada em estúdio e concebida de uma forma orgânica que se sente em cada dinâmica, afastando-se dos registos estagnados que tantas bandas contemporâneas abraçam.
A composição mantém uma abordagem directa, mas cuidadosamente estruturada, insistente, mas ainda assim paciente. Os temas revelam camadas de intenção e uma sensibilidade melódica que nunca se rende ao sentimentalismo. E sim, há ecos dos primeiros passos da banda e dos mestres antigos do género, mas sempre filtrados pela identidade própria do duo. A prova disso está na forma como controlam o pulso e o peso das canções: quando abrandam até uma cadência esmagadora e cerimonial, como em «Slaying Heaven», os DARVAZA amplificam o impacto, como se cada nota fosse um golpe deliberado contra a transcendência estática.
O espírito do álbum manifesta-se também nas palavras que acompanham esta revelação. “We sang into the darkness / And the void sang back / Darkness answers darkness / Darkness answers darkness!” — versos que funcionam como uma invocação central a «We Are Him», reafirmando a visão do duo e a força espiritual que alimenta a obra.
Com o lançamento internacional marcado para esta sexta-feira, esta estreia oferece um vislumbre muito privilegiado do que promete ser um dos discos mais discutidos do final do ano no círculo mais devoto do black metal. A capa e o alinhamento de «We Are Him» já foram igualmente divulgados, consolidando a atmosfera densa e ritualista que tem guiado toda a comunicação em torno deste regresso. Para já, está lançado o convite: é ouvir os DARVAZA cantarem para a escuridão — e sentir a escuridão a responder-lhes de volta.

01. Holy Blood | 02. A Last Prayer In Gethsemane | 03. Chaos.Fire.Devotion | 04. Lazarus | 05. Blood Of No-One | 06. Slaying Heaven | 07. Darvaza















