No regresso a Portugal, DANKO JONES “incendiaram” o palco do LAV – Lisboa Ao Vivo com uma descarga de rock’n’roll enérgico e uma electricidade contagiante.
Pequena introdução biográfica para os mais desatentos: DANKO JONES, a banda, formou-se em 1996 em Toronto, no Canadá, e, desde então, o trio construiu uma sólida reputação como uma das mais emocionantes propostas de rock’n’roll contemporâneo ao vivo. O vocalista e guitarrista, que se chama também Danko Jones, é o coração pulsante desta proposta, com a sua presença magnética em palco, e uma paixão inabalável pela música feita com guitarras, a alimentar um percurso sempre em crescendo.
Resultado: ao longo de mais de duas décadas, o grupo — cuja formação fica completa com John Calabrese no baixo e, de há uma década a esta parte, Rich Knox na bateria — lançou uma série de discos aclamados, que consolidaram o seu lugar no cenário internacional e, especialmente em Portugal, tem cultivado um certo culto à sua volta.
Quase três décadas de carreira depois, com o lançamento de «Electric Sounds», em 2022, DANKO JONES continuaram a mostrar a sua capacidade de se reinventarem, ao mesmo tempo que mantêm intocado o som inconfundível que os tornou famosos — e, no regresso a Lisboa após cinco longos anos de ausência, a energia e a paixão que entregaram às canções que tocaram revelaram-se uma prova irrefutável de que, mesmo após tanto tempo, a chama do rock continua a arder intensamente no coração colectivo destes três road dogs.
Apesar de uma afluência menos numerosa do que seria expectável, a verdade é que a Sala 2 do LAV – Lisboa Ao Vivo acabou mesmo por ser palco de uma das mais electrizantes performances de rock de 2024. Danko Jones (e os seus companheiros) infectaram a plateia com a sua energia contagiante e, feitas as contas, entregaram um espectáculo que não deixou ninguém indiferente. Mas já lá vamos porque, ainda antes disso, fomos arrebatados por uma bela surpresa, cortesia de LOS PEPES, que mostraram uma coesão invejável, com riffs de guitarra rápidos e incisivos, baixo pulsante e batidas intensas.
Com base em Londres, o quarteto intercontinental, que inclui o guitarrista brasileiro Gui Rujão e o fundador madrileno Ben Perrier, trouxe uma dose de pura adrenalina a Lisboa, mostrando por que razão são considerados “a banda mais barulhenta da power-pop”. O grupo tem ganho notoriedade no cenário do punk graças ao seu cocktail de riffs crus e muito directos, batidas rápidas e melodias pegajosas — e, verdade seja dita, esta estreia em solo luso pautou-se por uma descarga de energia sem merdas, que colocou um sorriso na cara de quem ainda não se tinha cruzado com eles.
Pontualmente às 22:00, depois de um curto changeover, os cabeças de cartaz subiram ao palco ao som de «The Strength Of The Righteous», composta por Ennio Moriconne para a banda-sonora do clássico ‘The Untouchables’ e, durante os 90 minutos que se seguiram, provaram, uma vez mais e como se dúvidas ainda restassem, porque são uma das bandas mais dinâmicas do rock moderno, mas com um pé bem firme na tradição do género. Com uma mistura perfeita de rock, punk e hard rock, a banda assinou uma actuação repleta de intensidade e, desde o primeiro acorde, a sala encheu-se de uma energia vibrante, com o público a responder de imediato à abertura com «Guess Who’s Back» e «Get High».
Olhando à volta, tornou-se óbvio que, pouco mais de um ano após a edição de «Electric Sounds», os dis temas já se tornaram favoritos dos fãs, que entoaram as letras com fervor. O concerto não se limitou, no entanto, apenas às canções mais recentes — os DANKO JONES fizeram questão de percorrer toda a sua vasta discografia, presenteando os seguidores mais antigos com temas como «I’m In A Band», «First Date» (o tal que Danko não gosta de tocar), «Code Of The Road» ou «The Twisting Knife», que já são clássicos e “incendiaram” a sala.
Por esta altura já estávamos a meio do alinhamento e Danko Jones, conhecido pela sua entrega e pela forma irreverente como comunica com o público, não deixou de lado a habitual interacção bem-humorada. Logo no início, pediu ao público para vaiar a banda por ter passado tanto tempo desde a última vez que tocaram por cá, depois fez uma rábula com o facto do concerto estar a acontecer a uma segunda-feira, mais adiante tentou convencer-nos que qualquer possível gaffe devia ser vista como uma “interpretação única e irrepetível” para compensar a ausência e, já na recta final, explicou aos presentes que, independentemente de quererem ou não ouvir mais uns temas, iam mesmo fazer um encore.
Verdade seja dita, durante o concerto, a forte ligação entre a banda e os seus seguidores, sobretudo nas filas da frente, era palpável. Entre temas mais pesados e explosivos — «Flaunt It», «Full Of Regret» e «Had Enough» foram tocadas de seguida, sem tempo para os fãs recuperarem o fôlego — e momentos em que o groove falou mais alto, como na velhinha «Lovercall» e no single «My Little RnR», a química entre os três músicos era mais que evidente e, como o público a responder com entusiasmo a cada riff e refrão, criou-se uma atmosfera única de comunhão entre palco e plateia.
Passado 90 minutos, que não pareceram mais que meia-hora, o concerto encerrou de forma triunfal com «The Mango Kid», «Invisible» e «Shake Your City», que fecharam com chave de ouro uma demonstração de pura energia roqueira.