CYNIC

CYNIC + OBSCURA + CRYPTOSIS @ Opium Live, Dublin, Irlanda | 12.03.2024 [reportagem]

Com Portugal a ficar fora das celebrações de 30.º aniversário de «Focus», viajámos até Dublin, na Irlanda, para ver os CYNIC a interpretar o clássico de 1993 na íntegra.

Numa semana em que vai haver concertos praticamente todos os dias em Dublin – e, neste dia, com Greg Pucciato, ex-The Dillinger Escape Plan, a apresentar-se a solo na porta ao lado –, a escolha recaiu sobre um concerto um pouco mais pesado. Como anunciado, os neerlandeses CRYPTOSIS subiram ao palco pontualmente às 18:45 numa sala ainda um pouco despida, mas que foi ficando composta com o passar dos minutos.

Como seria de esperar, o grande foco da actuação esteve no disco de estreia «Bionic Swarm» e, apesar do lugar de “banda de abertura”, os músicos surgiram em cena muito bem apetrechada de material, incluindo quatro amplificadores de que, quem esteve na frente de palco, sentiu certamente falta durante as actuações das bandas seguintes.

Já com a sala muitíssimo bem composta, seguiram-se os alemães OBSCURA, que ainda há poucos meses tinham passado pelo mesmo local numa outra digressão. Tanto os músicos germânicos como os CYNIC, optaram por uso de amplificadores digitais, o que faz com que quem esteja na fila da frente ouça bateria e pouco mais. Portanto, tivemos mesmo de nos mover para o meio da sala para sermos brindados com o som completo.

Ainda houve quem dissesse a Steffe Kummerer que o som da sua guitarra estava baixo, mas ali à frente não havia milagres e é algo que as bandas que optam por este tipo de sistema em salas pequenas têm de começar a repensar para não se ficar só com o som de bateria nos ouvidos.

Os OBSCURA optaram por diversificar o seu alinhamento, tirando apenas três temas do mais recente «A Valediction», com «Forsaken» logo a abrir, «Devoured Usurper» e o excelente «When Stars Collide», apelidado por Kummerer como “mais uma balada”. No final, foi uma excelente actuação por parte dos músicos, que brilharam com o seu death metal progressivo.

Os norte-americanos CYNIC andam na estrada a celebrar o clássico «Focus», de1993,e começaram logo com uma entrada em falso, com Paul Masvidal a antecipar-se à entrada de «Veil Of Maya». Ao vivo, Masvidal é actualmnete acompanhado por Matt Lynch na bateria, Mike Gilbert na guitarra, Brandon Giffin no baixo e Kummerer, dos OBSCURA, nos growls, e os temas do disco de estreia foram sendo tocados na perfeição.

No entanto, Masvidal voltou a cometer uma “gaffe”, ao dizer que iam tocar o último tema do disco, «How Could I», com um fã mais atento a gritar prontamente que ainda faltava tocar «Textures», que o líder dos CYNIC se tinha esquecido, pelo menos naquela noite, que fazia parte do alinhamento. Acabou por ser um momento que soltou sorrisos por parte dos músicos.

No final deste primeiro set, o ecrã de fundo revelou uma imagem de Sean Reinert e Sean Malone, que faleceram em 2020 e eram uma parte integral dos CYNIC, com a homenagem a recolher muitos aplausos por parte do público.

Para a segunda parte do alinhamento da noite, os músicos centraram-se então em temas pós-«Focus», e começaram com um momento totalmente acústico, durante o qual Paul Masvidal, sozinho em palco, interpretou «Integral». Seguiu-se uma viagem ao tema-título de «Kindly Bent To Free Us», sucedido por «In A Multiverse Where Atoms Sing», do mais recente «Ascension Codes». A terminar a noite, ouviram-se «Carbon-Based Anatomy» e ainda dois temas de «Traced In Air», «Adam’s Murmur» e «Evolutionary Sleeper».