Existem muito poucas maneiras de descrever os CULT OF LUNA que não envolvam alguma variação das palavras “consistente” ou “excelente”. Durante as últimas duas décadas, os suecos posicionaram-se entre as melhores bandas de pós-metal do mundo. E sim, quando muitos da “velha guarda” do género deixaram de o ser ou se afastaram radicalmente do modelo original, estes músicos mantiveram-se firmes, dando um interesse revitalizado a um género que muitos estavam dispostos a descartar como obsoleto. Vai daí, a arte com que sempre misturaram momentos de luz etérea com doses de peso impulsionado pelo sludge continua a ser um deleite sónico, que conservou uma horda de fãs ao longo dos anos. Estabelecidos com os primeiros três discos, foram explorando de forma inteligente a fórmula vencedora do «Salvation» e, progressivamente, aumentaram a sua base sonora de acção, com o pendor para a criação de épicos narrativos a culminar num «Vertikal» muito cinzentão – inspirado pelo ‘Metropolis’, de Fritz Lang – e na colaboração com Julie Christmas no muito mais luminoso «Mariner». Nesse sentido, o «A Dawn To Fear», de há dois anos, foi um passo atrás, mas não menos satisfatório para os fãs de longa data, com o colectivo encabeçado por Johannes Persson a assinar um dos registos mais pesados em muito tempo. Este «The Long Road North» não reserva grandes surpresas, e está para o «A Dawn To Fear» como o «Eternal Kingdom» esteve para o «Somewhere Along The Highway». Ou seja, não é um desvio do modelo original, conserva os elementos a que nos habituaram todos no sítio, mas é uma peça muito bem executada de pós-metal. Ouvidos estes nove temas há, no entanto, duas lições a reter: primeiro, não há outra banda como esta a pegar nas ideias e a expandi-las, de forma hipnótica, até o riff estar completamente seco; segundo, fazem-no com uma classe invejável. [8]