Os BEHEMOTH, ARCH ENEMY, CRYPTA e NERVOSA actuaram juntos no último Domingo, 13 de novembro, na sala Audio, em São Paulo, no Brasil. Após o concerto, Alissa White-Gluz posou para uma foto ao lado das NERVOSA e das CRYPTA, que são todas mulheres. Fernanda Lira, baixista/vocalista das CRYPTA, que fez parte das NERVOSA até há três anos, publicou a mesma fotografia no seu perfil do Instagram dois dias após o espectáculo. Na legenda, Lira não só exaltou o momento, como o empoderamento que este cartaz representou. “Essa foto tem mil significados pra mim, mas o mais importante é o lance da representatividade, uma tecla que eu bato tanto sempre“, começou por escrever ela. “Ao me preparar pra esse show, eu notei uma coisa — era a primeira vez na minha vida inteira que eu iria tocar num evento de metal extremo onde a maioria dos músicos eram mulheres — éramos 9 (10 com a May, mas eu não sabia da participação dela quando constatei isso) e 8 homens. Quando percebi isso, me emocionei demais, tanto que decidi colocar isso entre as minhas falas de interação com o público durante o show”.
A musicista brasileira continua: “Depois do nosso show, a Alissa veio falar comigo e comentou que queria tirar uma foto com nós todas e daí falei que seria incrível principalmente por esse fato – ela também não tinha se dado conta do lance de sermos maioria ali naquela noite e achou super legal! Pra muita gente pode parecer besteira, mas só nós mulheres conseguimos entender a dimensão disso, sabe? Sempre falo que só nós sabemos o quanto nos toca ver outra mulher no palco. Muitos me perguntam se eu me incomodo com termos como ‘female fronted’ ou ‘all girl band’ e na verdade hoje em dia não, pelo contrário, eu tenho mto orgulho desse termo, porque ele representa uma luta também, porque ser mulher na cena metal é uma coisa muito específica, passamos por problemas e superamos obstáculos muito específicos, e apesar do que a maioria acha, que ‘é fácil porque ser mulher chama atenção pra banda’; não é, é muito difícil.
“Encaro ser uma mulher na cena como uma luta da qual eu tenho mto orgulho, eu levanto essa bandeira porque ainda é necessário e a levanto com muito orgulho, porque só nós sabemos o que passamos, só nós sabemos as delícias e também as dores de sermos o que somos“, desabafa o baixista e vocalista. “Essa foto pra mim tem uma mensagem forte que eu espero humildemente que toque outras manas como me tocou. Ela significa que é possível ser mulher, viver do seu sonho, e ocupar espaços predominantemente masculinos. E o mais importante – que existe espaço pra nós na cena, que existe espaço pra mais e mais de nós, que existe espaço PRA TODAS NÓS. Por isso eu digo sempre que toda vez que eu subo num palco, todas nós subimos, eu levo cada uma de vcs comigo, porque quando uma mulher vence, todas vencemos“. O álbum de estreia das CRYPTA, «Echoes Of The Soul», foi editado em Junho de 2021 pela Napalm Records.